Ao assumir o cargo de primeira presidente mulher do Brasil, Dilma Roussef conseguiu outro feito inédito. Apesar de não conseguir atingir sua meta de montar um ministério com 30% de mulheres, sua equipe possui o maior número de mulheres da história do Brasil e três vezes mais do que a equipe do ex-presidente Lula. Dos 37 ministros, nove são mulheres.
Desde o começo das reuniões da transição, Dilma pressionou os partidos a priorizarem mulheres em suas listas de “sugestões”.
“Ela forçou muito a barra para que o partido indicasse uma mulher para o Ministério do Esporte. Discutimos muito isso, pois temos quadros como a Manuela D´Ávila e a Luciana Santos. Mas indicamos o Orlando Silva porque ele está muito familiarizado com as questões da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos”, diz a senadora eleita Vanessa Graziotin, líder do PCdoB na Câmara.
Ela afirma, ainda, que Dilma pressionou os comunistas justamente graças ao esforço do partido para promover mulheres. “Nossa bancada é a mais feminina da Câmara: 40% de mulheres. “Eu sou a única líder de bancada, por exemplo”.
Militante feminista histórica, a deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP), celebra como um avanço histórico as mulheres escolhidas por Dilma para a Esplanada dos Ministérios, mas pondera. “Em 185 anos de poder Legislativo, nunca uma mulher ocupou cargo na mesa diretora da Câmara dos Deputados. A cultura política no Brasil ainda é patriarcal e machista”.
A deputada, que é uma estudiosa da presença feminina no poder, apresenta números que impressionam. “Enquanto no parlamento da Argentina 40% das cadeiras são ocupadas por mulheres, no Brasil elas representam apenas 9%”.
Ela elaborou uma proposta de emenda à Constituição (PEC) que obriga os cargos da mesa diretora da Câmara a terem pelo menos uma mulher. Erundina também defende que os partidos tenham uma cota mínima de mulheres em sua direção.
Na gestão da primeira mulher a presidir o Brasil, coube à cota feminina, além do Planejamento, o Meio Ambiente, Desenvolvimento Social, Cultura e Comunicação Social, e pastas com menor visibilidade como Pesca, Direitos Humanos, Igualdade Racial e a Políticas de Gênero.