Vagner Freitas, presidente da CUT: os empresários estão usando a inflação para projetar um futuro pior e, com isso, dar um aumento salarial menor
As medidas do governo para estimular a economia, como a desoneração da folha de pagamentos para diversos setores e a redução da tarifa de energia elétrica, serão usadas nas negociações das categorias mais significativas de trabalhadores da indústria no momento de negociar o reajuste salarial deste ano. As categorias mais fortes, como metalúrgicos e químicos do ABC e da capital paulista, além de bancários e petroleiros têm data-base no segundo semestre.
De acordo com Vagner Freitas, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), os sindicatos vão usar esses argumentos para rebater o crescimento menor da economia, pois o PIB de 0,6% do primeiro trimestre e a alta da inflação deverão ser colocados pelos empresários nas negociações dos reajustes como justificativas para um aumento salarial menor.
” Na nossa avaliação, o cenário econômico para os empresários neste ano é muito parecido com o do ano passado, não há motivos para que os salários não recebam ajustes reais”, afirma.
De acordo com Freitas, as negociações estão mais difíceis neste ano. “Estamos vendo isso no primeiro semestre. No segundo, quando ocorre o dissídio para categorias de peso, como metalúrgicos, químicos e petroleiros, vamos botar essas questões na mesa de maneira mais forte.”
O sindicalista disse que a conjuntura da economia oferece condições para um aumento real e que há na alta da inflação mais oscilação do que descontrole de preços. “Os empresários estão usando isso para projetar uma situação futura ruim e dar um aumento menor”, diz Freitas.