CUT protesta contra rumos da economia em frente ao Ministério da Fazenda

Juro elevado inibe investimentos que poderiam gerar mais empregos e renda

Bancários, metalúrgicos petroleiros e funcionários dos Correios, entre outras categorias, participam nesta terça-feira (28) de ato de protesto convocado pela CUT em frente à sede do Ministério da Fazenda, em Brasília, contra os rumos da economia no Brasil. Neste dia, acontece a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), quando deve ser divulgada a taxa Selic, que teve suas recentes e constantes altas criticadas pela Contraf e pela CUT.

O presidente da Contraf-CUT, Roberto von der Osten, enfatizou que um aspecto muito negativo da política econômica que está sendo implementada pelo governo é a elevação da taxa Selic. “Isto vem transferindo recursos da sociedade para o rentismo. Vem aprofundando uma crise e tem feito a economia patinar, na contramão da retomada do crescimento e da inclusão social”, afirmou.

Para a CUT, as medidas de ajuste propostas pelo governo deveriam incidir sobre os setores mais abastados da sociedade, que concentraram renda e poder sonegando impostos e se beneficiando de uma política tributária regressiva.

A central questiona também a eficácia da elevação da taxa de juros como medida de combate à inflação e seu efeito deletério na economia, ao provocar a elevação da dívida pública, limitar o investimento do Estado em infraestrutura e políticas públicas e inibir o investimento privado na produção.

A quem interessa o aumento das taxas de juros

A prática de taxas elevadíssimas de juros, entre as maiores da economia mundial, ao mesmo tempo que representa mais lucro para o sistema financeiro e para os rentistas tem efeitos extremamente danosos para a sociedade e a economia. O aumento dos juros inibe o consumo e os investimentos, drenam recursos do Estado para o setor financeiro e estimulam o rentismo, em detrimento dos investimentos na produção, que poderiam gerar mais empregos, renda e gastos sociais.

Os bancos são diretamente beneficiados pela elevação da taxa Selic. Por um lado, suas despesas com captação de recursos crescem, já que precisam oferecer taxas mais elevadas aos clientes pelas suas aplicações. Mas, em contrapartida, suas receitas também crescem, especialmente as oriundas das aplicações em Títulos e Valores Mobiliários (TVM) e das aplicações ou depósitos compulsórios no Banco Central que são, em parte, remunerados pela Selic.

Até o final de abril deste ano, os bancos possuíam R$ 45,87 bilhões em depósitos compulsórios nos cofres da autoridade monetária. Com a última alta da Selic, para 13,75%, ao ano a remuneração dos compulsórios sobre depósitos a prazo deverá se elevar ainda mais e, com isso, as receitas dos bancos oriundas desses depósitos.

Agenda

Além da manifestação na frente da sede do Ministério da Fazenda, no dia 28, a CUT integrará a Marcha das Margaridas, prevista para ocorrer em Brasília, entre os dias 11 e 12 de agosto. Desde 2003, primeiro ano da manifestação, mais de 140 mil mulheres já ocuparam Brasília para cobrar políticas públicas voltadas a um modelo de desenvolvimento centrado na vida, no respeito à diversidade e contra a violência sexista.

O nome da Marcha das Margaridas é uma homenagem à Margarida Maria Alves, presidenta do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande, na Paraíba, assassinada por um pistoleiro no dia 12 de agosto de 1983. Em sua memória e para fortalecer a luta, a cada três anos caravanas de mulheres partem de todo o país rumo à capital federal.

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