Contraf-CUT rejeita abertura de capital e defende Caixa 100% pública

A Contraf-CUT rejeita a abertura do capital da Caixa Econômica Federal e defende a sua manutenção como empresa 100% pública. As primeiras notícias surgiram no início de novembro e o assunto é a matéria principal na capa da edição desta terça-feira (23) do jornal Valor Econômico, um dia depois da primeira manifestação a respeito da presidente Dilma Rousseff.

“Vou (abrir o capital da Caixa), mas é um processo demorado”, afirmou Dilma a jornalistas nesta segunda-feira (22), após café da manhã no Palácio do Planalto, ao ser perguntada sobre a notícia de que o governo planeja uma Oferta Pública Inicial (IPO, na sigla em inglês) de ações do banco.

Segundo notícia publicada na edição de domingo (21) no jornal Folha de S.Paulo, “o governo faria um IPO da Caixa daqui a cerca de 1,5 ano”. Antes disso, segundo o diário, “o banco federal teria que passar por um processo de saneamento”. Ainda de acordo com a Folha, “o IPO garantiria recursos importantes para reforçar os cofres do Tesouro Nacional, num momento em que o governo tenta melhorar as contas públicas”.

A Caixa é patrimônio do povo brasileiro e é o terceiro maior banco do país em ativos totais. Em setembro, a Caixa tinha R$ 1 trilhão em ativos, segundo dados do Banco Central, atrás do também público Banco do Brasil, com R$ 1,3 trilhão e do privado Itaú com R$ 1,1 trilhão.

Unidade, luta e mobilização

“Não existe motivo para abrir o capital, na medida em que a Caixa é um banco público que cumpre extraordinário papel social e é a instituição que lidera a concessão de empréstimos habitacionais no país”, defende o presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro, lembrando que Dilma se comprometeu na campanha eleitoral com o fortalecimento dos bancos federais.

Para ele, “a abertura do capital iria enfraquecer a atuação da Caixa e afetar os programas sociais do governo, uma vez que haverá pressão dos acionistas para aumentar os lucros para gerar dividendos, colocando em segundo plano o papel social da empresa”.

“Nós já vimos este filme em outros bancos públicos, como o Banco do Brasil, e o que assistimos é de um lado a ganância dos acionistas e, de outro, a cobrança de metas abusivas, a piora nas condições de trabalho e a luta constante dos funcionários para que o banco seja público de fato”, alerta Cordeiro.

O presidente da Contraf-CUT aponta como saída a unidade, a luta e a mobilização dos bancários para que a Caixa continue sendo uma empresa 100% pública. “Vamos promover uma nova jornada de luta em defesa da Caixa, mostrar a importância desta empresa para a sociedade e combater os interesses do mercado financeiro, que querem abocanhar um patrimônio que é de todos os brasileiros”.

Fenae reforça pressão

A Fenae divulgou editorial nesta terça-feira, sob o títuto “Luta e mobilização são fundamentais para que Caixa continue 100% pública”.
Para a entidade, o fortalecimento dos bancos públicos não pode parar.

> Clique aqui para ler o editorial.

“Que Dilma Rousseff honre os compromissos assumidos na campanha eleitoral. É verdade que abertura de capital e privatização são duas coisas bem diferentes. No entanto, nem uma e nem outra interessam aos brasileiros, sobretudo, aos mais de 100 mil trabalhadores da Caixa”.

Conselheiros eleitos na luta

Sob o título “A Caixa Federal é um banco público. E deve continuar assim”, Fernando Neiva e Maria Rita Serrano, representantes eleitos dos empregados no Conselho de Administração da Caixa, divulgaram nesta terça-feira um artigo já publicado no site da Contraf-CUT.

> Clique aqui para ler o artigo.

“Tornar a Caixa Federal uma empresa de mercado é abrir brechas para a privatização. É dar espaço para o interesse privado, como já se viu em inúmeros exemplos, inclusive em instituições financeiras, trazendo como consequências a redução de direitos trabalhistas e a precarização de serviços em nome do lucro dos acionistas”, afirmam os conselheiros eleitos.

“Como representantes dos trabalhadores no Conselho de Administração da Caixa e cidadãos brasileiros não podemos deixar que essa possível venda de ações passe como um trator sobre nossos interesses e os interesses do País. Fomos eleitos para defender um banco público competente, ativo e que honra os direitos de seus empregados”, salientam Fernando Neiva e Maria Rita Serrano.

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