Audiência de mediação foi solicitada pela Contraf-CUT e Sindicato de Brasília
O ministro do Trabalho e Emprego (MTE), Brizola Neto, promove na próxima quarta-feira, dia 16, às 14h30, uma audiência de mediação entre a Contraf-CUT e o Itaú e o Santander, em Brasília, para discutir a redução de empregos e a política de rotatividade dos dois bancos privados.
A data foi confirmada nesta sexta-feira, dia 11, após anúncio feito na quarta-feira, dia 9, durante audiência concedida para a Confederação e o Sindicato dos Bancários de Brasília, no gabinete do ministro, na capital federal.
Estiveram presentes o presidente e o secretário de imprensa da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro e Ademir Wiederkehr, respectivamente, e o diretor e a secretária de imprensa do Sindicato, Eduardo Araújo e Rosane Alaby, respectivamente. Também participou da audiência o secretário do Trabalho do MTE, Manoel Messias.
As entidades sindicais apresentaram novos dados do Dieese sobre milhares de demissões e de fechamento de postos de trabalho nas duas instituições financeiras. “De um lado, os bancários perdem seus empregos e, de outro, o governo amplia os gastos com seguro-desemprego. Só os bancos saem ganhando, porque reduzem a folha de pagamento e aumentam ainda mais os seus lucros”, afirma Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT.
Brizola Neto se mostrou preocupado com os números apresentados e reafirmou o seu compromisso com a geração de empregos e o combate à alta rotatividade, manifestado na 14ª Conferência Nacional dos Bancários, ocorrida em julho, em Curitiba.
“A audiência de mediação marcada pelo ministro será uma boa oportunidade para buscar travar esse processo nefasto para o emprego de milhares de bancários”, avalia Eduardo Araújo.
Itaú
Os dirigentes sindicais apresentaram dados do Dieese, a partir dos balanços do Itaú, que apontam o corte brutal de postos de trabalho nos últimos dois anos. O banco ceifou 7.831 empregos entre janeiro e setembro do ano passado.
Somente no terceiro trimestre de 2012, o número de trabalhadores recuou de 92.517 para 90.427, uma redução de 2.090 vagas em apenas três meses.
Desta forma, o banco aprofundou ainda mais o processo de extinção de empregos iniciado em abril de 2011, totalizando desde então o fechamento de 13.595 vagas, conforme análise feita pelo Dieese. “É um absurdo que o Itaú elimine mais de 13 mil de postos de trabalho em apenas um ano e meio, mesmo com todo este lucro faraônico”, aponta Cordeiro.
O presidente da Contraf-CUT disse ao ministro que o quadro pode piorar ainda mais este ano. O diretor corporativo de Controladoria e de Relações com Investidores do Itaú, Rogério Calderón, defendeu a política “de ganhar eficiência em 2013, estratégia que pode incluir a redução de pessoal, embora em velocidade menor que no ano passado”, conforme notícia divulgada na terça-feira (8) pela Agência Reuters. “Empresa eficiente não pode ser a que demite, mas a que emprega, valoriza os trabalhadores e presta bons serviços aos clientes e à sociedade”, afirma Cordeiro.
Santander
O presidente da Contraf-CUT apresentou a análise técnica do Dieese com base nos dados do Caged de 2011 e 2012 que foram entregues pelo Santander à Contraf-CUT a partir de determinação da procuradora do Ministério Público do Trabalho, Ana Cristina Tostes Ribeiro.
O Santander contratou 14.692 empregados em 2012 e desligou 14.980, um corte de 288 postos de trabalho. O banco fechou o ano com quadro de 51.237 funcionários.
Desta forma, enquanto a taxa de rotatividade no setor bancário foi de 7,6%, o índice no Santander atingiu 28,8% em 2012.
“Isso foi quase quatro vezes superior à vigente no setor bancário como um todo. Isso significa que num período de 12 meses o banco ‘girou’ quase um terço do seu quadro de pessoal. Mantida essa taxa em três anos, o banco terá ‘girado’ quase 100% dos seus funcionários”, avalia o Dieese.
Em dezembro, o Santander ainda promoveu demissões em massa. Após determinação do MPT, o Santander enviou para a Contraf-CUT uma lista de 1.280 desligamentos às vésperas do Natal. “O número só não foi ainda maior por causa das denúncias, protestos e mobilizações das entidades sindicais dos bancários em todo país”, destaca Ademir. Segundo dados apresentados na quarta-feira em audiência de mediação no MPT, o banco disse que contratou 325 funcionários em dezembro, o que representa o corte de 955 empregos no último mês de 2012.
“Enquanto o Brasil não voltar a ser signatário da Convenção 158 da OIT, que proíbe demissões imotivadas, é preciso encontrar travas para acabar com essa verdadeira sangria de empregos nos bancos, especialmente os privados”, ressalta Rosane Alaby.