A Contraf-CUT denunciou nesta quarta-feira, dia 30, a pressão descabida e truculenta exercida pelos bancos na greve nacional dos bancários, durante a 83ª reunião da Comissão Consultiva para Assuntos da Segurança Privada (CCASP) da Polícia Federal, em Brasília. Estiveram presentes representantes do Ministério da Justiça, Febraban, Exército, vigilantes e empresas de vigilância e transporte de valores, dentre outros.
O secretário de imprensa da Contraf-CUT, Ademir Wiederkehr, entregou ao coordenador da CCASP, delegado Adelar Anderle, cópias de jornais e denúncias do Sindicato dos Bancários de São Paulo acerca dos abusos praticados pelos bancos para impedir o direito constitucional de greve do trabalhador. O dirigente sindical também fez um relato sobre a mobilização da categoria e a proposta rebaixada da Fenaban.
“A greve ocorre com força em todo país, apesar das medidas arbitrárias tomadas pelos bancos para reprimir as manifestações dos bancários”, destacou Ademir. Ele citou a mensagem enviada no dia 3 de setembro pela Febraban aos bancos, quando as negociações estavam na fase inicial. O documento, denunciado pela Folha Bancária, convida os representantes dos bancos para uma reunião secreta com o Comando de Policiamento da Capital, no dia 11 de setembro, cuja pauta previa o “planejamento de ações conjuntas frente aos movimentos grevistas em andamento no mês”.
Conforme o dirigente sindical, “enquanto os bancários apostavam no processo de negociação e aguardavam uma proposta, a Febraban já preparava um esquema com a polícia para reprimir a greve dos bancários”. O diretor de Segurança Bancária da Febraban, Pedro Viotto, reconheceu o direito de greve dos bancários e confirmou a reunião ocorrida entre os bancos e Polícia Militar de São Paulo antes da deflagração do movimento. Viotto, que também é representante do Bradesco, negou no entanto que o encontro fosse para definir repressão e sim “para organizar o acesso e o atendimento dos clientes”.
Ademir também lamentou a atitude dos bancos de chamar a polícia para furar a greve e ajuizar ações com pedido de interdito proibitório pelo Brasil afora. “Nenhum piquete ameaça o direito de propriedade. O que os sindicatos buscam é o convencimento dos bancários para exercer o direito de greve. Felizmente, este ano vários juízes estão negando o interdito e respeitando a luta dos trabalhadores”, destacou. O diretor da Febraaban nada comentou.
“Nós queremos resolver a campanha salarial na mesa de negociação, sem a interferência do Estado. A greve é um direito do trabalhador, garantido desde 1988 na Constituição Federal. É lamentável que mais uma vez os bancos priorizem o aparato policial e o Judiciário, em vez de negociar à exaustão com as entidades sindicais”, disse Ademir.
“É importante ouvir um diretor da Febraban reconhecer o direito de greve dos bancários, mas isso precisa ser colocado em prática, através de medidas concretas como a desistência do uso da polícia para retirar piquetes e abrir agências, o fim imediato da apelação para interditos proibitórios e, principalmente, a retomada das negociações e a apresentação de propostas que atendam as reivindicações dos trabalhadores”, destacou o diretor do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Daniel Reis, que também participou da reunião da CCASP.