Os bancos estão usando como nunca a arbitrariedade do contingenciamento para forçar os bancários a furar uma possível greve. Apesar de tratar-se de prática ilegal segundo a Constituição Federal e a Lei 7.783 (Lei de Greve), os bancários estão sendo obrigados a entrar para trabalhar de madrugada e as administrações das grandes concentrações estão organizando esquemas para deslocar os bancários para outras unidades em caso de paralisação.
A maior parte das denúncias que estão chegando ao Sindicato dos Bancários de São Paulo vem de bancários do Itaú Unibanco, mas o problema está acontecendo em todas as instituições financeiras.
“Os bancos precisam entender que os trabalhadores não são propriedade das empresas e que têm o direito garantido por lei de protestar e de reivindicar salários mais justos, inclusive lançando mão do direito constitucional de fazer greve”, lembra a secretária-geral do Sindicato, Raquel Kacelnikas, ressaltando que o Sindicato vai denunciar os bancos a organizações internacionais, como a da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Itaú Unibanco
Em algumas áreas do CAU (Centro Administrativo Itaú Unibanco), os bancários estão sendo divididos em turmas compostas por “volantes”, que serão a cada dia deslocados para um local diferente, e por trabalhadores que serão forçados a entrar de madrugada em turnos diferentes. Estão sendo até definidos os “líderes” de cada uma das turmas.
Um bancário do ITM, também do Itaú Unibanco, relata em denúncia por e-mail que na terça dia 14 supervisores entraram em contato com os bancários “para informar que um táxi passaria para pegar os operadores em casa por volta das 2h30 e 3h da manhã. Eles organizaram as pessoas em equipes e uma pessoa ficava responsável de passar juntamente com o táxi na casa dos demais para levá-los até o ITM. Todos deveriam chegar lá por volta das 4h15 da manhã”, relatou.
Um outro funcionário do CAU escreveu ao Sindicato revoltado com as ameaças que está recebendo. “Não podemos recusar, pois alegam que não podem assegurar o emprego daqueles que não comparecerem. Estão agindo de forma abusiva.”
“O banco tenta disfarçar, afirmando que participar do contingenciamento ‘não é obrigatório’, mas todo mundo sabe que quem não participar fica em situação complicada. O banco está criando um clima ruim, como se as pessoas que fossem a favor das reivindicações fossem contra a empresa, tentando criar divisão”, diz o diretor do Sindicato Carlos Damarindo, o Carlão.
Santander
O Santander também está adotando as medidas de contingência. Bancários do Casa 3 estão sendo orientados a ir trabalhar em locais como o núcleo de conta corrente da Armênia, da Mooca ou até mesmo para o prédio da João Brícola, no Centro. “Acho um desaforo e senão formos estaremos com um péssimo feedback e no olho da rua”, denunciou um bancário do banco espanhol.
Denuncie
Raquel orienta a todos os bancários que forem vítimas deste tipo de arbitrariedade que denunciem o contingenciamento ao Sindicato, enviando mensagem por aqui . Não é necessário identificar-se.