Primeira rodada de negociação está pré-agendada para o dia 22
O Comando Nacional dos Bancários, coordenado pela Contraf-CUT, entregou na última quinta-feira (14) a pauta específica de reivindicações dos funcionários ao presidente do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), Nelson Antônio de Souza, em Fortaleza. Para a primeira rodada de negociação com o BNB ficou indicada a próxima segunda-feira (25).
Estiveram presentes no ato de entrega o secretário-geral da Contraf-CUT, Carlos de Souza, e dirigentes de federações e sindicatos de todos os estados do Nordeste.
Os dirigentes sindicais aproveitaram para cobrar o cumprimento do acordo do ano passado referente ao vale-cultura, pois o banco ainda não o implementou. “Reivindicamos que o benefício seja retroativo, já que o vale-cultura entrou em vigor em 1º de janeiro. O banco não está respeitando a lei e ficou de iniciar um processo de licitação. Acionaremos a Justiça se não for implantado”, alerta Carlos de Souza.
Lucro cresce 56,1% no primeiro semestre
A entrega da pauta ocorreu no mesmo dia em que o banco divulgou o balanço do primeiro semestre deste ano. O BNB obteve lucro líquido de R$ 326 milhões, um crescimento de 56,1% com relação a junho de 2013, que foi de R$ 200 milhões.
Para Carlos de Souza, a entrega da minuta não poderia ter ocorrido em momento melhor e abre espaço para uma boa negociação na Campanha Nacional dos Bancários 2014.
“O próprio presidente do BNB reconheceu que o grande lucro do banco só foi possível graças ao esforço e empenho dos bancários e isso mostra que o banco precisa avançar na garantia de diretos, como a PLR Social, que hoje é menor do que a da Caixa Econômica Federal”, destaca o dirigente da Contraf-CUT.
O crescimento do lucro se deve, especialmente, à reversão das provisões com créditos de liquidação duvidosa, que caíram 48,5% no período e ao crescimento de 49% na carteira de títulos e valores mobiliários. O retorno sobre o patrimônio líquido médio do banco (ROE) foi de 22,2%, com uma alta de 6 pontos percentuais em 12 meses, segundo análise do balanço feita pela Subseção do Dieese na Contraf-CUT.
> Clique aqui para ver a análise do Dieese.
Novas agências e mais contratações
Em 12 meses, foram abertas 56 novas agências e criados 560 novos postos de trabalho, um crescimento de 25,8% e 8,9%, respectivamente. Com isso, o BNB encerrou o primeiro semestre deste ano com um quadro de 6.863 funcionários.
Está previsto, desde abril de 2013, e aprovado pelo Departamento de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (DEST), a abertura 81 agências, com o quadro de funcionários podendo chegar a 7.150 empregados.
Mais crédito
Os ativos do BNB cresceram 7,7%, chegando a R$ 36,4 bilhões, enquanto o capital próprio (patrimônio líquido) atingiu R$ 3,2 bilhões, com alta de 27,6%, devido a um aumento do capital social a partir da incorporação de reservas estatutárias, aprovado em março de 2014.
A carteira de crédito, considerando-se a carteira do FNE (Fundo do Nordeste) que é administrada pelo banco, atingiu a cifra de R$ 52,5 bilhões, com um crescimento de 2%, em relação a junho de 2013.
As despesas com o provisionamento com devedores duvidosos somaram R$ 204,1 milhões, com expressiva redução de 48,5% em 12 meses. As taxas de inadimplência não foram informadas para o período.
Receitas de tarifas X despesas de pessoal
Com crescimento de 11,1% em 12 meses, as receitas de prestação de serviços e rendas de tarifas bancárias totalizaram R$ 938,5 milhões. Já as despesas de pessoal cresceram 26,9%, chegando a R$ 761,5 milhões. Esses resultados impactaram na redução da relação entre ambas e a cobertura das despesas de pessoal por essas receitas secundárias do banco passou de 140,8% para 123,2%.
Expectativas dos funcionários
A minuta foi aprovada no 20º Congresso Nacional dos Funcionários do BNB, realizado nos dias 30 e 31 de maio em João Pessoa. A pauta tem ao todo 57 cláusulas.
Entre os principais temas, destacam-se a implementação de novo PCR, ponto eletrônico, reformulação modelo de PLR para torná-la mais justa, democratização da gestão do BNB e da Camed e Capef, a prevalência da meritocracia no processo de concorrência para funções em comissão, combate à terceirização e à extrapolação da jornada de trabalho, isonomia entre novos e antigos funcionários, reintegração de demitidos na gestão Byron Queiroz e revisão do Plano de Funções para corrigir distorções hoje existentes, principalmente nas áreas gerenciais.
“A expectativa é positiva na ampliação de diálogo com o banco, mas precisamos fortalecer a unidade nacional e avançar nas conquistas específicas. O banco necessita consolidar, de fato, o seu papel de fomento e desenvolvimento social e de valorização dos funcionários”, conclui Carlos de Souza.