Com bom-humor, bancários de Pernambuco protestam contra assédio moral

Os bancários de Pernambuco promoveram nesta terça 31 um ato em frente ao prédio do Banco do Brasil Centro, na avenida Rio Branco, para intensificar a mobilização da Campanha Nacional 2010. A manifestação fez parte do Dia Nacional de Luta, realizado pela categoria simultaneamente em todo país um dia antes da segunda rodada de negociação com os bancos.

Com faixas, caixa de som, distribuição de materiais e apresentação de esquete teatral, os bancários pernambucanos denunciaram o descaso dos bancos com a saúde e com a segurança dos funcionários, temas que estarão em negociação nesta quarta e quinta-feira.

“Não estamos reivindicado só salário. Queremos que os bancos demonstrem na prática que têm responsabilidade social. Contratando mais, gerando emprego, cuidando das condições de trabalho dos seus funcionários. Por isso é que estamos aqui pedindo o apoio da população, pois essa luta não é só dos bancários, essa luta é de toda sociedade”, esclareceu a presidenta do Sindicato, Jaqueline Mello durante o ato.

O tom contundente das reivindicações também foi marca dos discursos dos outros diretores do Sindicato que participaram do ato. João Rufino, secretário de Saúde, lembrou que as metas estão acabando com a saúde física e mental dos bancários, que sofrem uma grande pressão dos bancos para cumpri-las. “Vamos debater essa questão com os patrões e buscar uma solução para este problema tão grave”, comentou Rufino.

A mesma preocupação foi compartilhada pelos diretores Luiz Freitas e Lilian Brandão, que reforçaram o convite aos bancários para se engajarem na campanha. Já a secretária de Bancos Federais, Daniela Almeida, denunciou a pressão que os bancos fazem para que os bancários “empurrem produtos” que, na maioria das vezes, não são do interesse do cliente.

“Essa é só uma pequena demonstração de que estamos mobilizados e dispostos a comprar mais essa briga. O Sindicato vai percorrer as agências em todo o estado para conversar com a categoria sobre a Campanha e prepará-los para a luta, pois só com muita pressão vamos aumentar as nossas conquistas”, comenta Jaqueline.

Metas abusivas – Mais uma vez o bom-humor marcou a mobilização da Campanha Nacional em Pernambuco. Um casal de atores representou de uma forma satírica um dos principais problemas que os bancários enfrentam no dia a dia: o assédio moral e a pressão para o cumprimento de metas. Na esquete apresentada pelos atores, o bancário é caracterizado como um vendedor ambulante que tenta desesperadamente vender todo tipo de produto oferecido pelo banco. Por sua vez, a outra personagem, sem dar a mínima para a saúde do trabalhador, assedia, ameaça e exige do bancário “ambulante” o cumprimento das metas, e que ele venda cada vez mais produtos da empresa até levá-lo a exaustão.

A ideia foi bem recebida pelos trabalhadores do BB, por clientes e usuários que acompanharam a apresentação, ouviram atentamente os discursos dos dirigentes sindicais e manifestaram apoio às reivindicações dos bancários.

Segurança – Além da saúde e condições de trabalho, a negociação desta quarta e quinta-feira vai tratar com os bancos segurança. Por esse motivo, o Sindicato escolheu o Banco do Brasil para realizar o protesto. A instituição está retirando as portas de segurança com detectores de metais das agências. Essa medida está na contramão das reivindicações dos bancários, que querem mais proteção. O projeto-piloto do BB está sendo feito sem qualquer negociação com as entidades sindicais, no momento em que as estatísticas do primeiro semestre deste ano mostraram um crescimento nos assaltos em todo o país.

“Em Pernambuco, só este ano já tivemos 22 assaltos a bancos, por culpa das próprias instituições financeiras, que não colocam porta de segurança em todas as agências, não contratam número suficiente de vigilantes e ainda obrigam os bancários a fazer o transporte de valores. Já não basta o Itaú Unibanco ter retirado as portas giratórias, agora o BB está seguindo o mesmo caminho”, destaca o secretário de Saúde do Sindicato, João Rufino, lembrando que só no primeiro semestre deste ano 11 pessoas morreram em ataques a bancos no País.

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