Citigroup quer que Tesouro americano venda ações antes de ser reembolsado

Bloomberg News
Bradley Keoun, de Nova York

A recusa do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos em vender a sua participação, de 34%, no Citigroup está atrapalhando os planos do banco de liquidar os restantes US$ 20 bilhões devidos aos fundos de resgate do governo, informaram fontes familiarizadas com a instituição.

Os executivos do banco estão ficando frustrados porque não podem vender ações para captar dinheiro para o reembolso até que o Tesouro sinalize quando e como vai descarregar os seus 7,7 bilhões de ações, disseram as pessoas, que não quiseram se identificar porque a questão ainda está sendo discutida. Os investidores talvez relutem em comprar ações porque uma venda por parte do Tesouro poderia derrubar o preço.

“A bola está no campo do governo”, disse Chris Kotowski, analista da Oppenheimer & Co. de Nova York, que tem uma classificação de “desempenho equivalente à média do mercado” para as ações do banco. “Não está nas mãos do Citibank vendê-las ou não.”

Se o Bank of America concretizar o plano de liquidar os US$ 45 bilhões aos fundos de resgate, o Citi se tornará o único grande banco sujeito ao escrutínio de sua política de remuneração por parte de Kenneth Feinberg, o responsável do Tesouro pelo pagamento de funcionários. Entre as empresas que foram resgatadas e ficaram debaixo da tutela de Feinberg estão a seguradora American International Group (AIG) e as montadoras General Motors e Chrysler .

O presidente do conselho do Citigroup, Richard Parsons, disse em setembro que o banco tem que pagar seus empregados de forma competitiva, para afastar o recrutamento por concorrentes. Por pressão de Feinberg, o banco reduziu este ano a remuneração total de seus 25 executivos mais bem pagos em cerca de 70% em relação aos níveis de 2008.

Há mais de três meses, executivos do banco tentam persuadir o Tesouro a realizar a venda. Aos preços de mercado, as ações do Tesouro valem cerca de US$ 31,2 bilhões. Como as ações ordinárias foram convertidas a partir de US$ 25 bilhões dos fundos de resgate, isso equivale a um ganho de capital de cerca de 25%, mais de US$ 6 bilhões.

Meg Reilly, porta-voz do Tesouro, recusou-se a comentar se o governo vendeu algumas ações ou sobre quando poderá fazê-lo.

“O Tesouro não faz comentários sobre instituições individuais, como uma política geral”, disse ele. O porta-voz do Citigroup, Jon Diat, disse que não podia comentar o assunto.

O Tesouro não informou o Citigroup como ou quando pretende se desfazer da participação, disseram as pessoas.

O Citigroup recebeu um total de US$ 45 bilhões no ano passado do Programa de Ajuda a Ativos Problemáticos (Tarp, pelas iniciais em inglês) do Tesouro, de US$ 700 bilhões. Em setembro, US$ 25 bilhões desse montante foi convertido em ações ordinárias, que o Tesouro está livre para vender quando quiser.

O principal executivo do Citigroup, Vikram Pandit, de 52 anos, disse em 15 de outubro que está “concentrado em reembolsar o Tarp logo que possível” e que fará isso “após consultar o governo e os nossos reguladores”.

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