China deve cortar taxas de juros de novo para ativar economia

Agências internacionais

O governo e o banco central da China estão prontos para fazer novo corte nas taxas de juros e também para afrouxar as restrições a empréstimos, de acordo com fontes envolvidas nas formulações de políticas.

A surpreendente redução nos juros anunciada na sexta-feira (21), a primeira em mais de dois anos, reflete uma mudança de curso de Pequim e do BC, que vinham insistindo com modestas medidas de estímulo antes de decidirem no fim da semana passada que uma arrojada ação na política monetária era necessária para estabilizar a segunda maior economia do mundo.

O crescimento econômico desacelerou para 7,3% no terceiro trimestre e as autoridades ficaram apreensivas com a possibilidade de o Produto Interno Bruto (PIB) estar prestes a cair para menos de 7% – uma baixa expansão não vista desde a crise financeira global de 2008. Os preços aos produtores vêm caindo há quase três anos, colocando pressão sobre as fábricas, e a inflação ao consumidor também é fraca.

“O alto comando mudou suas posições”, disse um importante economista de um centro de estudos governamental que participa das discussões internas sobre políticas governamentais.

O economista, que não quis ter seu nome revelado, disse que o Banco do Povo da China (o BC do país) moveu o seu foco na direção de estímulos amplos e que estava aberto também a mais corte nas taxas, bem como a um alívio no nível de depósitos compulsórios para a indústria bancária, que na prática restringem o volume de capital disponível para empréstimos.

A expectativa de novas reduções nos juros faz parte dos cenários previstos por economistas dos bancos J. P. Morgan Chase, Barclays e UBS. O anúncio de sexta-feira sinaliza “uma mudança de política rumo a um afrouxamento monetário mais agressivo”, disse Haibin Zhu, economista-chefe para a China do J. P. Morgan Chase. “Isso reflete a preocupação do governo em relação ao crescimento de curto prazo e os esforços desesperados para rebaixar o custo de financiamento para o setor corporativo.”

A China neste ano cortou a taxa de depósitos compulsórios para alguns bancos, mas não anuncia uma redução para todas as instituições desde maio de 2012. “Nova diminuição nas taxas de juros deve estar a caminho, já que entramos num ciclo de cortes nas taxas, e também são prováveis cortes nos níveis de depósitos compulsórios”, disse o economista do centro de estudos governamental.

Segundo fontes da agência Reuters, a medida de sexta-feira, que cortou a taxa referencial para empréstimos de um ano em 40 pontos-base, para 5,6%, também foi motivada pelos temores de que os governos locais estão enfrentando dificuldades para administrar grandes dívidas em meio às reformas que alteram suas condições de financiamento.

“A crescente liquidez promovida pelo banco central fracassou em reduzir os custos de empréstimos para a economia real”, disse um ex-pesquisador do BC que hoje trabalha para o governo.

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