Centrais Sindicais do Cone Sul manifestam solidariedade à Argentina

A Contraf-CUT reproduz a nota da Coordenadora das Centrais Sindicais do Cone Sul (CCSCS), assinada pelas representações dos trabalhadores e trabalhadoras da Argentina, Brasil, Chile, Paraguai, Uruguai e Venezuela, manifestando solidariedade à Argentina e condenando os fundos abutres.

“Hoje temos que levantar nossa voz, temos que articular as ações necessárias para impedir o êxito destes atos extorsivos, que constituem um grande achaque aos nossos países, consolidando uma pesada hipoteca que recairá sobre as costas de várias futuras gerações e condenando novamente à fome e à miséria o conjunto dos nossos povos”, afirma o manifesto.

Leia a íntegra da nota da CCSCS:

Os trabalhadores do Cone Sul contra os fundos abutres

Ante a recente resolução da Corte Suprema de Justiça dos EUA de não acolher a reclamação apresentada pelo governo argentino, numa atitude injusta e irresponsável que privilegia e convalida os desmedidos apetites dos “Abutres financeiros” em detrimento dos interesses soberanos da Argentina e castiga a uma nação que há uma década, e com muitíssimo esforço, cumpre fielmente com seus compromissos internacionais, a Coordenadora das Centrais Sindicais do Cone Sul expressa seu mais profundo repúdio e indignação. Ao mesmo tempo, convoca a uma Campanha internacional que, articulada e solidariamente, ponha limite a esta política que desde os centros de poder internacional pretende pisotear a soberania e dignidade de nossas nações.

Cabe recordar que a Argentina suspendeu os pagamentos em 2001, logo após várias décadas de rigorosa aplicação das políticas neoliberais, executando as receitas ditadas pelos organismos financeiros internacionais que deram como resultado o desemprego, a pobreza, o crescimento desmesurado desta dívida e, finalmente, a quebra do país, submergido na mais profunda crise de sua história.

Há uma década neste contexto tão desfavorável, a Argentina, em sintonia com as novas propostas construídas com os países irmãos da região, começa a executar uma política econômica soberana baseada principalmente em um crescimento econômico sustentado, com inclusão social e distribuição de renda, gerando um processo autônomo e racional para saldar suas dívidas externas herdadas dos períodos anteriores.

Neste sentido, primeiro se cancela a dívida da Argentina com o FMI (Fundo Monetário Internacional), se assina um acordo com 93% de seus credores, se cumpre estritamente as obrigações acertadas e recentemente se logra um entendimento definitivo para cancelar a dívida que ainda existia com o Clube de Paris. A Argentina sustentou e sustenta sua decisão de seguir negociando, inclusive com a ínfima minoria que vem se negando a reestruturar a dívida em termos lógicos e racionais.

A decisão avalizada pela Corte dos EUA é, além disso, irresponsável, porque não leva em conta os enormes riscos colocados pela ordem mundial à crise que afeta muitos dos países centrais. Com as decisões tomadas pela Justiça estadunidense se convalida a ambição dos grupos financeiros acima da Soberania argentina e de qualquer outra nação do planeta.

Estamos convencidos que estas decisões da Justiça dos EUA não são somente um injusto castigo às políticas soberanas levadas à frente pela Argentina, como dão um sinal verde para que se inicie uma grande investida global para tentar dobrar e colocar de joelhos os países que buscam impor limites ao capital financeiro internacional. Busca disciplinar e atemorizar a todos os governos da região que têm demonstrado ser capazes de frear o negócio do capital especulativo, priorizando o investimento produtivo e o aumento dos recursos para sustentar políticas sociais e de distribuição de renda, e encontrando na integração regional a forma de por fim à dependência das grandes potências.

Hoje temos que levantar nossa voz, temos que articular as ações necessárias para impedir o êxito destes atos extorsivos, que constituem um grande achaque aos nossos países, consolidando uma pesada hipoteca que recairá sobre as costas de várias futuras gerações e condenando novamente à fome e à miséria o conjunto dos nossos povos. Hoje, com a ação fraternal dos trabalhadores e de todo o povo, devemos exigir de nossos governos uma resposta contundente, que confronte a estas pretensões coloniais de uma minoria especuladora, aprofundando a integração e demonstrando ao mundo a firme decisão de construir um espaço soberano com desenvolvimento, democracia e justiça social.

Convocamos os trabalhadores a não cederem ante à chantagem e a defenderem o conquistado desde que conseguimos terminar com os condicionamentos do capital especulativo. Convocamos os trabalhadores a mobilizarem-se em defesa de sua soberania, de seu futuro e pela construção de um mundo mais justo, mais democrático e inclusivo.

Argentina:

CTA – Central de Trabajadores de Argentina
CGT – Confederación General del Trabajo

Brasil:

CTB – Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil
CGTB – Central Geral dos Trabalhadores do Brasil
UGT – União Geral dos Trabalhadores
FS – Forca Sindical
CUT – Central Única dos Trabalhadores

Chile:

CUT – Central Unitaria de Trabajadores
CAT – Central Autonoma de Trabajadores

Paraguai:

CUT – Central Unitaria de Trabajadores
CUT-A – Central Unitaria de Trabajadores Auténtica

Uruguai:

PIT-CNT – Plenario Intersindical de Trabajadores – Convención Nacional de Trabajadores

Venezuela:

UNT – UNETE
CTV – Central Venezolana de Trabajadores
CBST – Central Bolivariana Socialista de Trabajadores

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