Gilberto Campos, analista de sistemas de 31 anos, tinha um jantar romântico marcado para sábado. Era seu primeiro encontro com a moça. “Fomos no melhor restaurante que conheço. Pedimos entrada, prato, sobremesa e café. Na hora de pagar a conta, meu cartão não passou.”
Campos é apenas um dos clientes da Caixa Econômica Federal que, durante a noite de sábado e todo o domingo, não conseguiram usar as funções de débito do cartão nem de saque no caixa eletrônico. “Sou um homem à moda antiga. Para mim, mulher pagar a conta é vexame. Mas foi a única saída”, emendou.
O banco público se limitou a responder às solicitações de esclarecimento da reportagem por meio de uma nota com seis linhas de texto. “A Caixa Econômica Federal informa que realizou uma operação programada de ampliação de capacidade elétrica em uma de suas unidades de processamento de dados”, informou. E conclui: “Por causa deste procedimento, alguns serviços e canais ficaram indisponíveis durante a madrugada e parte do domingo. A situação está normalizada desde então.”
Para o Procon, a resposta do banco torna a situação ainda mais grave. “Se era uma ‘operação programada’, os clientes deveriam ter sido avisados”, disse Selma do Amaral, assistente de direção do órgão de defesa do consumidor.
Transtorno
A empresária Priscilla Folster, de 30 anos, que mantém suas contas de pessoa física e jurídica na Caixa, também relata “situação constrangedora” ao não conseguir pagar a conta no posto de gasolina. “Não tinha de onde tirar o dinheiro. Por sorte tenho uma amiga que mora perto do posto em que eu estava e ela foi até lá pagar a minha conta”, relatou.
Já o diretor da empresa de qualificação profissional Rodrigo Félix, de 28 anos, foi obrigado a pagar a conta do supermercado com um cartão que já não usava mais. “Tentei no débito da Caixa, depois tentei sacar o valor e nada”, lembrou. “Tive de reativar o cartão da marca do supermercado para poder levar a compra pra casa.”
Danos morais
O Procon esclarece que todos os clientes que tiveram situações parecidas podem entrar na Justiça e solicitar indenização por danos morais. “No tribunal de pequenas causas, com indenização de até 20 salários mínimos, não precisa de advogado”, detalhou Selma.
Os clientes que tiveram danos financeiros devem pedir imediatamente o reembolso na Caixa. “Eles são obrigados a ressarcir o cliente. Para isso, é preciso ter comprovantes”, comentou Selma.
Eduardo Mantovani, estudante de 21 anos, é um exemplo de cliente que teve dano financeiro. Ele mora em Santo André, Grande São Paulo, e seu cartão não passou na saída de uma balada em Pinheiros, em São Paulo.
“Deixei meu documento lá e, no dia seguinte, tive de voltar de táxi para pagar o que devia”, contou o estudante. Neste caso, com o comprovante do gasto com táxi, é possível pedir o reembolso ao banco.
“Quem eventualmente sacou recursos com o cartão de crédito para pagar algo, também deve pedir ressarcimento no banco, já que haverá incidência de juros sobre o valor”, completou Selma.