(São Paulo) Exatamente um mês depois de a Caixa Econômica Federal divulgar uma CI comunicando o desconto da falta do dia 10 de outubro passado – quando os bancários de várias cidades faziam seu último dia da greve de 2007 – a direção da empresa agora inventou outra novidade para retaliar os grevistas. Na prévia dos contracheques recebidos nesta quinta-feira, dia 14, o banco apresenta o desconto de quatro dias de trabalho.
A punição atinge os empregados lotados em Belo Horizonte, Salvador e Aracaju, que continuaram a greve por mais um dia no ano passado. Ao considerar como falta injustificada, além de descontar o dia 10 de outubro, a Caixa deixa de pagar o sábado e domingo (descanso remunerado) e o dia 12, feriado de Nossa Senhora Aparecida.
“O que a Caixa está fazendo é um absurdo. Em primeiro lugar, a CI Suape/Geret 010/08, que informa o desconto do dia 10 de outubro, é mentirosa porque o banco diz que sua decisão foi negociada com o movimento sindical. Isso jamais ocorreu, pelo contrário: a Contraf pautou o assunto na mesa de negociações permanentes e enviou ofício solicitando o abono do dia parado ou a compensação, mas o banco sempre se negou a discutir. Pedimos, inclusive, para que a Caixa retificasse essa informação na CI, mas nem nisso fomos respondidos. Agora o banco me aparece com essa nova surpresa desagradável e nós, bancários, é que não vamos deixar a Caixa sem resposta. Vamos com tudo para cima do banco”, afirma Plínio Pavão, diretor da Contraf-CUT e coordenador da Comissão Executiva dos Empregados da Caixa.
A Contraf-CUT já tem uma negociação agendada com o banco. No próximo dia 29 de fevereiro, às 9h, os representantes dos bancários reúnem-se com a direção da Caixa e vão cobrar satisfações sobre esta retaliação. “A negociação é para discutir o novo Plano de Cargos e Salários, mas agora temos este problema que também precisamos resolver. A Contraf-CUT não vai admitir o desconto desses quatro dias e orientamos aos sindicatos de Belo Horizonte, Bahia e Sergipe que entrem com ações judiciais com pedido de liminar para reverter esta situação. Também orientamos que os bancários dessas cidades intensifiquem a mobilização e promovam protestos e manifestações contra a Caixa”, destaca Plínio.
O dirigente lembra que, na CI em que comunica o desconto da greve, o banco afirma na folha 2, item 4, que “a ausência parcial será descontada e não trará reflexo na vida funcional do empregado”. Para Plínio, ao considerar o dia parado como falta injustificada, o banco já está gerando um reflexo na vida funcional do bancário.
Segundo o presidente do Sindicato dos Bancários de Belo Horizonte, Fernando Neiva, que é funcionário da Caixa, a atitude arbitrária da direção do banco tornou a situação dos bancários insuportável na capital mineira. Ele calcula que “esse desconto absurdo” chega a até 13,33% do salário. “Os trabalhadores fizeram uma greve legítima por uma causa que é de todos. Mas é assim que a Caixa respeita o direito de livre organização dos seus empregados por uma empresa melhor e mais justa. É essa a empresa que se propõe a ser o banco de todos os brasileiros?”, questiona. Fernando lembra que situação como essa só aconteceu na greve de 1991 durante o famigerado governo Collor. “Naquela época, muitos dos que foram demitidos e de alguma forma atingidos pela intransigência da gestão Lafaiete Coutinho são os mesmos que hoje se voltam contra o movimento dos empregados. Por isso, aguardamos um gesto democrático da direção da Caixa sinalizando para a reabertura do diálogo”, frisou.
Fonte: Contraf-CUT, com informações do Seeb Belo Horizonte