Brics não veem crise no bloco emergente, mas crise da economia mundial

Assis Moreira
Valor Econômico – De Davos

Os Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) rejeitaram interpretações de que o grupo está em crise de meia-idade e insistiram que, apesar da menor expansão, vão continuar a ser uma força dinâmica da economia global.

Em debate no Fórum Econômico Mundial, os Brics na verdade cobraram os mercados industrializados a aumentar seu próprio crescimento. “Não há crise de meia-idade e, sim, crise da economia mundial”, afirmou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, observando que os ricos é que provocaram a crise e a redução da demanda internacional

“A zona do euro diz que está se recuperando. Mas 0,4% é nada, é zero”, afirmou o representante russo Arkady Dvorkovich. A China diz que está em rota de crescimento mais sustentável, o Brasil afirma que vai consolidar reformas, a Índia acha que voltará a ter maior crescimento nos próximos três anos, a África do Sul julga que está voltando a uma “nova normalidade” e a Rússia garante ter novas forças de crescimento.

Mantega e outros participantes de debate no fórum de Davos concordaram que há uma recuperação na economia mundial, ainda que lenta. “Com essa retomada teremos a reativação do comércio”, disse, estimando que o intercâmbio mundial voltará a crescer cerca de 4% ao ano. “Os Brics vão impulsionar isso.”

O ministro reconheceu, contudo, que os Brics terão que fazer mudanças em seus modelos de crescimento. Ele previu baixa de expansão na Índia. Mas logo depois o ministro indiano das Finanças, P. Chidambaram, reiterou que seu país deve crescer 6,2% em 2014, 7% em 2015 e até retomar a taxa de 8% de expansão em seguida.

Para os ministros dos Brics, um ponto importante é aumentar os investimentos para inovação e produtividade. Mantega disse aos presentes que o Brasil tem um mercado consumidor avançado, com uma classe média que agregou 40 milhões de pessoas nos últimos anos. Os investimentos, disse, continuarão a crescer em parceria com o setor privado.

Ex-regulador bancário da China, Liu Mingkang admitiu que talvez seja necessário baixar a taxa de crescimento do país a menos de 7,0% nos próximos anos, até por conta dos estragos ambientais decorrentes do crescimento acelerado. Ele acredita que o país precisa reduzir o excesso de capacidade em indústrias pesadas, siderúrgicas, mineração de carvão, estaleiros. Ele ainda afirmou que as Províncias na China competem muito entre si e nem sempre isso é bom.

Os ministros mencionaram preocupação com os efeitos da redução dos estímulos monetários dos EUA sobre os emergentes, mas no geral reiteraram que suas economias estão saindo da crise.

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