Valor Econômico
Azelma Rodrigues, de Brasília
O Banco do Brasil (BB) estima que entre 5% e 10% do seu capital deve migrar para os recibos de ações – American Depositary Receipts (ADRs) de nível 1 – negociados nos Estados Unidos. Hoje, acontece a abertura dos negócios com os papéis no mercado de balcão da Bolsa de Valores de Nova York (NYSE).
É possível que já no ano que vem o BB faça uma nova emissão, inclusive na forma de ADRs, para ajustar seu “free float” (quantidade de ações em circulação no mercado) ao patamar de 25% do capital, como exige o Novo Mercado da BM&FBovespa.
Por enquanto, o “free float” está em 21,7%. A União detém o controle do banco, com 65% das ações. Na semana passada, o banco público divulgou comunicado aos acionistas avisando que iniciou estudos para ampliar o “free float” com uma oferta de novas ações, ou em operações no mercado secundário, com a venda de parte das ações que a União possui.
O gerente de Relações com Investidores do BB, Marco Geovanne Tobias da Silva, explicou que, a partir de hoje, “quem quiser transformar suas ações em ADRs, pode.” Ele lembra que 11% do capital do BB está em mãos de estrangeiros, tendo o banco já tomado a decisão de elevar esse montante a 20%, no futuro.
A vantagem do ADR para o investidor americano, segundo Geovanne, “é que ele sai do risco cambial e passa a receber tudo em dólares, como dividendos por exemplo”. Além disso, cria a possibilidade de arbitragem entre a bolsa americana e a brasileira: dependendo da oscilação, se o câmbio estiver valorizado como agora, é mais vantajoso ficar com as ações em reais. Mas se o real é depreciado, o investidor pode migrar para o ADR. “Isso dá mobilidade ao investidor”, diz.
O executivo do BB destaca ainda que a negociação no mercado de balcão americano permite atrair investidores que possuem restrições para aplicar fora do país, como certos fundos de investimento e de pensão.
Geovanne explicou ainda que, apesar de iniciados os estudos para uma oferta pública de ações, não há mais tempo para a operação ainda em 2009. O banco tem prazo até 28 de junho de 2011 para atender à exigência do regulamento do Novo Mercado.
“A decisão dependerá das condições de mercado” , disse o executivo, complementando que o montante ainda não foi definido, “mas, em tese, a oferta não será inferior a 4%” do capital do BB.