Representantes do banco reconheceram lacunas na proposta apresentada
A intransigência do Banrisul materializada na ideia de que não voltaria a montar uma mesa de negociação para debater mudanças necessárias na proposta de seu Plano de Carreira, cristalizada na reunião de 29 de maio, deu lugar a um compromisso sete dias depois. Diretores que representaram o banco na negociação de quinta-feira, dia 6, na sede da Fetrafi-RS, em Porto Alegre, não só concordaram em voltar a negociar o Plano de Carreira com os representantes dos banrisulenses como passaram a considerar avanços na proposta.
O banco reconheceu que a proposta de 16 de abril deixou os banrisulenses inseguros em razão das lacunas. Portanto, acenaram com a possibilidade de mudanças. Entre as questões que ficaram em aberto estão os critérios de promoção por merecimento e o número de vagas que serão reservadas a essas promoções por mérito.
Os representantes do Banrisul solicitaram ao Comando Nacional dos Banrisulenses um prazo maior para estudarem impactos de modificações relacionadas ao número de padrões de promoção por tempo e aos critérios de merecimento. Os diretores do banco afirmaram que irão dar uma resposta até sexta-feira, dia 14, sobre o desconto em folha de pagamento das duas horas paradas no ato de 7 de maio em todo o Estado.
“Essa reunião foi importante porque houve uma mudança de postura. O banco não aceitava sequer negociar e agora já sinaliza até com apresentação de avanços na proposta. Estava na hora dessa postura se alterar. Nós sempre dissemos que queríamos negociar num ambiente livre de assédio moral e pressão. Os banrisulenses devem permanecer mobilizados e atentos. Não vamos aceitar mais enrolação. Foi a mobilização dos bancários que fez os diretores voltarem à mesa para negociar um plano justo e decente”, avaliou o presidente do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre, Mauro Salles.
Entre as mudanças, os representantes sindicais reivindicam três pontos cruciais que estão interligados: o enquadramento de quem for migrar para o novo Plano de Carreira deve ser por tempo de carreira e não por salário, como quer o banco. As outras divergências dizem respeito à distância entre o início e o topo da carreira, ao interstício (promoção por tempo) e ao step (percentual aplicado a cada promoção por tempo) e aos critérios de promoção por mérito.
Como está, a proposta de Plano de Carreira da direção do Banrisul dá mais importância ao mérito para controlar as promoções e regular o número de vagas por merecimento ao desempenho financeiro. “Nossa divergência é uma questão de conceito. Queremos valorizar o tempo. A direção valoriza demasiadamente o mérito”, acrescenta Mauro.
Aos banrisulenses está sendo oferecida uma proposta pior do que se tem hoje em termos de programa de cargos e salários e muito aquém dos avanços que a proposta dos trabalhadores contempla. “Não somos contra o mérito, desde que ele seja menos do que ele é. O mérito não pode ser o critério mais importante de promoção, porque temos problemas de avaliação no banco”, disse a diretora da Fetrafi-RS, Denise Corrêa.