Bancos nos Estados Unidos estão às voltas com multas bilionárias

Agências internacionais
Valor Econômico

Os bancos que atuam nos Estados Unidos, locais e estrangeiros, estão sob ataque cerrado de reguladores e da Justiça americana, num sinal de que as feridas deixadas pela crise de 2008 ainda ecoam e podem ter impacto nos resultados do setor ao longo do ano.

O caso mais ruidoso que ganhou o noticiário recentemente é o do BNP Paribas. Autoridades americanas chegaram a sugerir que o banco de capital francês pague até US$ 16 bilhões como multa no processo que investiga suposta violação de sanções. Em outro sinal da crescente pressão dos reguladores dos EUA, o principal xerife do setor bancário em Nova York, Benjamin Lawsky, pressiona o banco a demitir alguns importantes executivos como parte do acordo que estaria para ser fechado.

De acordo com a “Reuters”, fontes afirmaram que a cifra de US$ 16 bilhões foi proposta apenas como resposta a uma oferta do BNP Paribas de pagar cerca de US$ 1 bilhão, mas demonstra a disposição crescente de aplicar multas cada vez maiores nesses casos. Mais recentemente, as autoridades vêm discutindo um acordo na faixa de US$ 10 bilhões.

Já a “Bloomberg” noticiou que Lawsky quer que o BNP demita o vice-presidente operacional, Georges Chodron de Courcel, mais um executivo de alto escalão e cerca de 12 funcionários. Chodron de Courcel e os demais não foram acusados de conduta inadequada até agora. A pressão do regulador é que não apenas as companhias sejam responsabilizadas para evitar futuros problemas. Sua intenção é também quer suspender as operações de liquidação em dólar do banco em Nova York, o que se tornou um ponto crítico nas negociações.

O Bank of America discute o pagamento de pelo menos US$ 12 bilhões para encerrar um processo do Departamento de Justiça americano referente a hipotecas. Segundo a “Dow Jones Newswires”, pelo menos US$ 5 bilhões devem ser usados para compensar consumidores, ajudando os proprietários de imóveis a diminuir o principal da dívida ou reduzir os pagamentos mensais, por exemplo.

O valor total desembolsado pelo banco para encerrar investigações e processos relacionados a sua conduta antes da crise pode superar o recorde de US$ 13 bilhões que o J.P. Morgan Chase pagou no ano passado para por fim a alegações similares, segundo as fontes. O Bank of America já fechou um acordo de US$ 6 bilhões com a Agência Federal de Financiamento Imobiliário.

Pelo lado do governo, a pressão é para o banco pagar ainda mais. Sob os termos de uma proposta recente feita pelo BofA, pelo menos metade do acerto se daria na forma de ajuda aos mutuários. Esse desenho seria uma forma de diminuir significativamente o custo em relação a um pagamento direto em dinheiro.

Os encargos legais do Bank of America têm sido um peso sobre seus resultados. O banco já pagou cerca de US$ 60 bilhões desde a crise financeira para encerrar processos e recomprar ativos hipotecários.

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