Os bancos enrolaram mais uma vez e rejeitaram, na terceira rodada de negociações concluída nesta quinta-feira 9, todas as reivindicações referentes à preservação do emprego apresentadas pelo Comando Nacional dos Bancários. Repetiram o padrão de intransigência das rodadas de negociação anteriores, quando negaram as reivindicações sobre saúde do trabalhador e melhores condições de trabalho, como o fim das metas abusivas, o combate ao assédio moral e mais segurança contra assaltos e sequestros.
Diante do descaso dos bancos para com as reivindicações dos trabalhadores, o Comando Nacional decidiu convocar Dia Nacional de Luta para a terça-feira 14, véspera da quarta rodada de negociação, que ocorre na quarta e quinta-feiras, 15 e 16. A pauta estará centrada na remuneração, o que inclui aumento real de salário (reajuste de 11%), melhoria na PLR, previdência complementar e valorização dos pisos.
Veja aqui como foram as rodadas de negociação anteriores:
> Bancários abrem as negociações com a Fenaban pelo tema assédio moral
> Bancários discutem assédio moral com Fenaban
> Bancos travam avanços no combate ao assédio moral e às metas abusivas
> Bancos tratam emprego com descaso
“Os bancários já deixaram claro nas consultas, assembléias, pesquisas, conferências regionais e conferência nacional que tão importante quanto as cláusulas econômicas na atual campanha são a sua saúde e as condições de trabalho, principalmente o massacre das metas e do assédio moral, o emprego e a segurança bancária. Os banqueiros precisam saber que, sem solucionar essas questões, os bancários vão para a greve”, adverte Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT e coordenador do Comando Nacional.
Correspondentes bancários
No segundo dia da terceira rodada de discussões, nesta quinta-feira, o Comando Nacional voltou a insistir na busca de uma solução para o problema dos correspondentes bancários, que vêm sendo usados pelos bancos para reduzir custos, precarizar e segmentar o atendimento aos clientes. “Queremos atendimento de qualidade e com segurança para todos, sem precarização do trabalho”, diz Carlos Cordeiro. Mas os bancos voltaram a rejeitar a reivindicação.
“O correspondente bancário é a forma mais agressiva de terceirização do sistema financeiro nos últimos anos. Trata-se de uma estratégia de segmentação de mercado, deslocando uma parcela de clientes, especialmente de baixa renda, para esse tipo de atendimento precário”, denunciou Ana Tércia Sanchez, diretora do Sindicato dos Bancários de São Paulo.
Aprendizes
Em relação aos aprendizes, o Comando Nacional defendeu que os bancos parem de usar essas contratações para substituir o trabalho de bancários e que esses trabalhadores contratados em programas de aprendizagem não podem ter idade superior a 18 anos, como determina a legislação. Os bancos retrucaram que a legislação permite a contratação de aprendizes até 24 anos e se recusaram a incluir essa cláusula na Convenção Coletiva de Trabalho.
Redução de juros e abono assiduidade
Os representantes dos bancários reivindicaram a redução dos juros das operações a todos os trabalhadores das instituições financeiras. Os negociadores da Fenaban também rejeitaram a demanda, alegando que cada banco tem uma prática diferente e eles não podem interferir na política de mercado das empresas do setor tabelando juros.
“Com essa postura, os bancos demonstram o desprezo total em relação a seus trabalhadores, que eles enxergam apenas como clientes”, critica o presidente da Contraf-CUT.
Os bancos se recusaram ainda a discutir a reivindicação dos bancários de conceder um abono assiduidade, na forma de cinco dias de folga por ano aos trabalhadores, considerando que o ano possui 365 ou 366 dias e os bancos só pagam 360. Essa demanda já foi conquistada em vários bancos públicos.
Comissão sobre mudanças tecnológicas
O Comando Nacional também defendeu a criação de uma comissão bipartite empresa-bancários para debater, acompanhar e apresentar propostas diante de projetos de mudança tecnológica e organizacional, reestruturação administrativa, introdução de novos equipamentos e outras situações similares.
“Precisamos discutir os impactos que essas inovações provocam sobre os trabalhadores, como por exemplo a qualificação profissional e o reaproveitamento dos bancários. As mudanças tecnológicas precisam beneficiar também a sociedade e os trabalhadores, e não apenas as empresas”, propõe Ana Tércia.
Os bancos aceitam discutir pontualmente os problemas gerados pelas inovações tecnológicas, mas disseram não ver necessidade na criação de uma comissão para essa finalidade.
Horário de atendimento e controle das filas
Os bancos também recusaram as reivindicações de ampliação do horário de expediente ao público, controle do tempo de espera nas filas e funcionamento das agências, que objetivam o aumento do número de trabalhadores nas unidades para melhorar as condições de trabalho e garantir qualidade de atendimento aos clientes.
Seminário sobre sistema financeiro
Por último, a Contraf-CUT voltou a cobrar da Fenaban a realização de um seminário sobre o sistema financeiro, aberto a toda a sociedade, para discutir o papel dos bancos no desenvolvimento econômico e social do país. “Outro banco é preciso, com as pessoas em primeiro lugar”, ressalta Carlos Cordeiro.