As notícias sobre a extinção ou venda do patrimônio público do Estado do Rio Grande do Sul pelo governo José Ivo Sartori (PMDB) mobilizou o Sindicato dos Bancários de Porto Alegre a solicitar uma audiência com o secretário estadual de Desenvolvimento e Promoção do Investimento, Fábio de Oliveira Branco. Por meio de ofício enviado na manhã da última quinta-feira (29) ao secretário, o Sindicato pede esclarecimentos sobre a “possível intenção” de extinguir o Badesul.
O SindBancários tem se manifestado ao longo de sua história contrário às políticas de redução do Estado e privatização ou abertura de capital de bancos públicos.
O Badesul entrou na lista de possíveis instituições públicas a serem extintas em razão de um suposto entendimento do governo Sartori de que este banco possui mesma função que o Banrisul. O Sindicato esclarece que essas duas instituições financeiras têm atuação e caráter distintos.
O Badesul Desenvolvimento S.A. – Agência de Fomento/RS – é uma sociedade anônima de economia mista de capital fechado, cujo controle acionário é do Estado do Rio Grande do Sul. Por sua natureza, de Agência de Fomento do Estado, o Badesul tem atuação reestrita ao Rio Grande do Sul, sendo um dos principais financiadores do seu desenvolvimento por meio de financiamentos de longo prazo.
O tipo de financiamento que realiza diferencia o Badesul tanto do Banco Regional de Desenvolvimento (BRDE), com atuação em toda a Região Sul do país, quanto do Banrisul, banco múltiplo com atuação em carteira comercial, de crédito imobiliário, de arrendamento mercantil e de crédito, financiamento e investimento.
Nos últimos oito anos, o saldo da carteira do Badesul cresceu 298%, refletindo o valor e a importância da empresa para o povo gaúcho. Os clientes que compõem esta carteira são produtores rurais – financiando a modernização do campo com projetos de irrigação, armazenagem e aquisição de implementos, por exemplo – empresas de todos os portes e prefeituras gaúchas.
O Badesul é a única instituição financeira do Estado a apoiar prefeituras municipais, por meio do Badesul Cidades, que atualmente financia 231 prefeituras em projetos como aquisição de maquinário, de ônibus escolares, melhoria da infraestrutura urbana, dentre outros.
“Solicitamos a audiência com o secretário para podermos esclarecer as intenções em relação ao patrimônio público do Estado e especificamente ao Badesul. Basta olhar os demonstrativos financeiros do banco para compreender que a contribuição do Badesul com o desenvolvimento do Estado é fundamental. Sem contar que o banco ajuda pequenos agricultores com financiamentos para aquisição de tecnologia. Essa visão de que o patrimônio público é pesado é distorcida. O Badesul é um banco que tem funcionários dedicados e com competência para ajudar o Estado a crescer. Não precisa ser privatizado nem extinto. Ao contrário, precisa continuar crescendo para ajudar o estado a inovar e crescer”, avalia o presidente do SindBancários, Everton Gimenis.
O Badesul é ainda o gestor de fundos estaduais como Funterra, Feaper, Funprocred e Fundopen, formas de incentivo aos pequenos produtores, ao aperfeiçoamento e a implantação e ampliação de unidades industriais no nosso Estado. O Badesul, além de gerar receita – que paga todos os seus custos operacionais, de pessoal e administrativos – repassa recursos ao Estado, seu principal acionista, por meio do pagamento de juros sobre o capital.
A venda ou extinção do Badesul passou a ser considerada depois que a colunista de Zero Hora, Rosane Oliveira, publicou uma nota em sua coluna Política+, na página 9 do jornal Zero Hora, na edição da segunda-feira, 19 de janeiro.