Comando quer salário, emprego, saúde, segurança e igualdade de oportunidades
Ao final da terceira rodada de negociações da Campanha 2012, realizada nesta quarta-feira 22 em São Paulo, o Comando Nacional dos Bancários, coordenado pela Contraf-CUT, defendeu as reivindicações sobre remuneração da pauta geral da categoria. Após debates, os bancos informaram que apresentarão na próxima terça-feira, dia 28, às 10h, uma proposta global para as demandas dos bancários. “Será um presente para o Dia dos Bancários”, disseram os banqueiros.
“Deixamos claro aos bancos que a categoria tem a expectativa de que, além do aumento real, valorização do piso e melhoria da PLR, a proposta contemple as reivindicações sobre emprego, saúde e condições de trabalho, segurança bancária e igualdade de oportunidades”, ressalta Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT e coordenador do Comando Nacional.
“Mostramos à Fenaban que, como os lucros dos bancos aumentaram mesmo com os superprovisionamentos para devedores duvidosos, e eles pagam bônus milionários aos altos executivos e salários muito baixos aos bancários comparados com outros países da América Latina, as empresas têm totais condições de atender às reivindicações da categoria”, acrescenta Cordeiro.
Veja como foi a negociação desta quarta-feira acerca das principais reivindicações dos bancários sobre remuneração:
Reajuste salarial de 10,25%
O Comando Nacional insistiu que os bancos estão em condições favoráveis para conceder a reposição da inflação mais 5% de aumento real porque no primeiro semestre de 2012 somente as seis maiores instituições tiveram lucro líquido de R$ 25,2 bilhões, apesar das provisões para devedores duvidosos (PDD) desproporcionais à inadimplência.
Segundo o Banco Central, entre junho do ano passado e junho de 2012 a inadimplência cresceu apenas 0,7 pontos percentuais e está em viés de baixa. Mas o Itaú, por exemplo, aumentou o provisionamento em 26,7%, o Bradesco em 33,14%, o BB em 26,58%, o Santander em 36,15% e o HSBC em 63,43%.
Os bancos responderam que a situação do sistema financeiro “não é tão confortável” como em 2011. “Nós dissemos que os balanços deste ano são ainda melhores que no ano passado, mesmo com o superdimensionamento das provisões, e que categorias de trabalhadores de setores menos rentáveis que o financeiro conquistando aumentos reais de salário maiores que em 2011”, destaca o presidente da Contraf-CUT.
Piso salarial de R$ 2.416,38
Os dirigentes sindicais reafirmaram que o piso salarial dos bancários brasileiros é um dos mais baixos da América do Sul, segundo pesquisa realizada pela Contraf-CUT com entidades sindicais dos países vizinhos, o que é uma contradição com os bônus milionários dos altos executivos e os lucros dos bancos – entre os mais altos do planeta.
“Isso explica por que o Brasil tem a quarta pior distribuição de renda na América Latina, conforme estudo que a ONU acaba de divulgar. Assim como o aumento real dos salários, a valorização do poder de compra do piso salarial é fundamental para fecharmos a campanha deste ano”, adverte Carlos Cordeiro.
PLR de três salários mais R$ 4.961,25 fixos
O Comando defendeu a nova fórmula de distribuição da PLR, em razão das mudanças de critérios frequentes que os bancos fazem nos balanços, e que este ano se somam ao superdimensionamento das provisões para devedores duvidosos. “Se seguirmos o modelo atual, em muitas instituições os bancários receberão PLR menor que no ano passado, apesar de os lucros terem aumentado. Queremos também discutir as PDDs”, aponta o presidente da Contraf-CUT.
Os bancos reconheceram que a atual fórmula é complexa e “diabólica” e que um modelo simples seria melhor, mas salientaram que não pretendem mudar neste momento as atuais regras da PLR.
PCS para todos os bancários
Os representantes dos bancários explicaram tecnicamente a proposta de Plano de Cargos e Salários (PCS), que respeita a política interna de cada empresa, mas estabelece regras claras e transparentes de ascensão profissional e que prevê, entre outras coisas, reajuste anual de 1% em todas as verbas salariais e mais 2% a partir do quinto ano de contratação ou da promoção.
A Fenaban respondeu que todos os bancos têm gestão de carreira e competências e que isso faz parte da política interna de cada instituição, não sendo tema para inclusão na Convenção Coletiva da categoria.
Aumento dos auxílios para R$ 622
A reivindicação da categoria é a elevação para R$ 622 dos valores do auxílio-refeição, da cesta-alimentação, do auxílio-creche/babá e da 13ª cesta-alimentação, além da criação do 13º auxílio-refeição.
“Queremos aumentar o valor desses auxílios, que são muito baixos, e estender as verbas para alimentação aos aposentados, uma vez que eles têm uma queda na remuneração quando deixam a condição de funcionários na ativa”, explica Carlos Cordeiro.
Mas os bancos disseram que não há disposição em manter vínculos com os aposentados, alegando que a convenção coletiva só trata de empregados na ativa. “Não aceitamos que os aposentados que construíram a história dos bancos sejam tratados com descaso”, enfatiza o dirigente da Contraf-CUT.
Parcelamento do adiantamento de férias
O Comando Nacional defendeu o parcelamento em até dez parcelas iguais, a partir do mês subsequente ao do crédito, do adiantamento de férias efetuado pelo banco. “É algo novo que poderíamos agregar na Convenção Coletiva”, afirma o coordenador do Comando Nacional. Vários bancários de bancos públicos já possuem essa conquista.
Os bancos disseram que analisarão a reivindicação e darão uma resposta junto com a proposta global que apresentarão no dia 28.
Salário substituto
A reivindicação aprovada na 14ª Conferência Nacional dos Bancários é garantir ao empregado substituto o mesmo salário do substituído, mesmo que seja provisoriamente.
Os bancos negaram a reivindicação, afirmando que a substituição é temporária e encarada pelas instituições como um treinamento e uma oportunidade para o bancário mostrar seu desempenho.