Bancários levam consciência negra nas ruas do centro de São Paulo

Oxossi, Iansã, Yemanjá, Xangô. Esses foram alguns dos orixás saudados numa representação teatral que percorreu as ruas do centro de São Paulo, na tarde desta quinta-feira 19, data que antecede o feriado da Consciência Negra, em memória à morte de Zumbi dos Palmares.

As músicas, a dança e o colorido da cultura afro-brasileira marcaram o cortejo organizado pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo e por lideranças do movimento negro.

Ao som da cantora Adriana Moreira, com animação do balé dos orixás do Grupo Edinho e da percussão Filhos de Mãe Preta, os manifestantes fizeram a primeira parada no Largo do Paissandu, onde foram convidados a receber uma benção na igreja católica Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos. Uma rápida, mas emocionante cerimônia, mostrou a todos que é possível e bela a similaridade entre as culturas.

Congresso

A parte de baixo da igreja ainda guarda a cultura dos negros e escravos, assim como a parte inferior da Casa da Fazenda, localizada no Morumbi, que recebeu na quarta-feira 18, um congresso em comemoração ao jubileu de ouro da vida literária do professor Eduardo de Oliveira, o mais antigo militante do movimento negro vivo em São Paulo, autor do Hino da Negritude, que por lei deve ser tocado antes de qualquer evento voltado à cultura afro-brasileira.

O diretor do Sindicato e ativista do movimento Júlio César Silva participou do congresso onde foram discutidos também a inclusão do negro no mercado de trabalho, a vida educacional e o combate à violência.

“Daqui pra frente queremos dias melhores, e que sejamos respeitados não pela cor da nossa pele, mas pelo que somos”, disse Júlio, parafraseando o famoso discurso de Martin Luther King, Eu Tenho um Sonho, proferido em agosto de 1963, quando o líder negro americano dirigiu uma marcha pacífica do monumento a Washington até o Lincoln Memorial: “Eu tenho um sonho que minhas quatro pequenas crianças vão um dia viver em uma nação onde elas não serão julgadas pela cor da pele, mas pelo conteúdo de seu caráter. Eu tenho um sonho hoje!”.

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