A greve nacional dos bancários começou forte em Pernambuco, com mais de 60% de adesão. A paralisação por tempo indeterminado, iniciada nesta terça-feira, dia 18, fechou mais de 320 das 500 agências bancárias do Estado e atingiu todos os prédios administrativos dos bancos. Ao todo, cerca de 7.200 dos 12 mil bancários pernambucanos estão parados.
Para a presidenta do Sindicato, Jaqueline Mello, a greve é muito forte para o primeiro do movimento. “Os bancários estão de parabéns pela adesão. Sabemos que não é fácil encarar uma greve e enfrentar toda a pressão dos bancos. Mas construímos uma grande paralisação no primeiro dia e temos condições de ampliar ainda mais a mobilização, com mais agências fechadas nos próximos dias”, destaca.
Segundo Jaqueline, a greve começou muito forte nos bancos públicos, com cerca de 80% de adesão. Nos bancos privados, 40% dos bancários estão parados, número considerado muito bom pelo Sindicato.
“Os funcionários das instituições privadas sofrem mais pressão das empresas, mas o número de agências fechadas mostra que os bancários estão se superando. No ano passado, construímos a maior greve da história dos bancos privados em Pernambuco e este ano a paralisação pode ser maior ainda, já que a disposição de luta dos trabalhadores é muito forte”, diz Jaqueline.
Aurélio Braga, funcionário do Banco do Brasil, é um dos bancários que já mostrou disposição de luta no primeiro dia de greve. “Vou continuar parado até o final. Minha expectativa para esta greve é positiva e tenho certeza de que vamos conseguir avançar no índice de reajuste e em outras reivindicações”, disse.
Solidariedade na luta
Durante as assembleias realizadas antes da greve, o Sindicato convocou os bancários para ajudar na mobilização não só da sua agência, mas também de outras unidades. A convocação foi ouvida e nesta terça-feira muitos funcionários ajudaram os colegas de outros bancos na greve.
Em Camaragibe, por exemplo, os funcionários do Banco do Brasil fecharam sua agência e foram ajudar os colegas dos bancos privados a parar os trabalhos. “Sabemos das limitações enfrentadas pelos bancários dos bancos privados e viemos ajudar os funcionários do Bradesco a fechar sua agência. Temos um relacionamento muito cordial e nesta hora é importante ajudarmos uns aos outros”, explicou Aurélio.
Já o bancário Júlio César, também empregado do BB de Camaragibe, foi até o Itaú para ajudar na mobilização. “Viemos convencer os bancários a pararem para reforçar a nossa greve. Temos de fazer uma mobilização muito forte para que a greve seja curta”, destacou.
Para Jaqueline, esta solidariedade é fundamental para o fortalecimento da greve. “Nossa campanha é unificada, com bancários de bancos públicos e privados lutando lado a lado pelas mesmas reivindicações. Por isso, é importante que todos se ajudem para que a greve seja forte. Este ano, lançamos uma campanha entre os bancários chamada de Adote uma agência. A ideia é que o trabalhador paralise sua unidade e ajude na mobilização de outras agências. Juntos, somos mais fortes e vamos derrotar a intransigência dos bancos”, afirma.
Neste primeiro dia de greve, a paralisação foi muito forte no Recife e nas cidades da Região Metropolitana, como Olinda, Paulista, Abreu e Lima, Igarassu, Jaboatão e Camaragibe. No interior, a greve também começou forte em várias cidades, como Vitória de Santo Antão e Gravatá, no Agreste, e Salgueiro e Arcoverde, no Sertão.
Silêncio da Fenaban
O primeiro dia de greve também foi marcado pelo silêncio dos bancos. Não houve nenhum contato por parte da Fenaban para retomar as negociações com os bancários, paradas desde o dia 4 de setembro.
Até agora, os bancos ofereceram 6% de reajuste nos salários e em todas as verbas, além de alguns avanços nas reivindicações de saúde, segurança e igualdade de oportunidades.
Os bancários querem reajuste salarial de 10,25% (aumento real de 5%), piso de R$ 2.416,38 (equivalente ao salário mínimo ideal calculado pelo Dieese), participação nos lucros e resultados (PLR) de três salários mais parcela fixa adicional de R$ 4.961,25, além de vales-refeição, cesta-alimentação e auxílio-creche no valor de R$ 622 cada, mais segurança e melhores condições de trabalho, com o fim das metas abusivas e do assédio moral.
Nesta quarta, 19, o Sindicato realiza nova reunião com os bancários, às 17h, para organizar a greve. E na quinta, dia 20, no mesmo horário, tem assembleia para avaliar o movimento.