A partir das zero hora desta quinta-feira, 24 de setembro, as agências de bancos públicos e privados do Pará e do Amapá estarão fechadas, sem previsão de normalizar suas atividades. Esta foi a decisão da grande assembléia geral dos bancários realizada na noite desta terça-feira (23), na sede do Sindicato, que aprovou a deflagração da GREVE por tempo indeterminado em virtude da insatisfação da categoria com a proposta rebaixada e insuficiente apresentada pela Fenaban ao Comando Nacional na última mesa de negociações realizada dia 17, em São Paulo.
A proposta da Fenaban foi de reajuste de 4,5% sobre todas as verbas, ou seja, somente a reposição da inflação, muito aquém da reivindicação dos trabalhadores, que é de 10% de reajuste salarial. Além disso, a proposta de PLR foi inferior à negociada no ano passado.
A Fenaban também propôs ampliação do auxílio maternidade para 180 dias, desde que mantidos os incentivos fiscais, diminuição no prazo da concessão do auxílio creche/babá de 83 para 71 meses e nenhuma valorização dos pisos salariais. Todas essas propostas foram rejeitas pelo Comando Nacional dos Bancários e pela assembléia dos bancários do Pará e do Amapá.
“Infelizmente os banqueiros mantiveram a postura de não negociar seriamente com a nossa categoria e apresentaram uma proposta que não dialoga com as reivindicações dos bancários. Não nos restou outra alternativa senão deflagrar a greve geral por tempo indeterminado, para forçar os banqueiros a apresentar uma nova proposta. A partir de agora a tarefa dos bancários é ir para a porta das agências, de forma massiva, para esclarecer à população sobre o porquê da nossa greve, mas acima de tudo para mostrar aos banqueiros que não estamos de brincadeira e que vamos até o fim nessa luta”, destaca Alberto Cunha, presidente do Sindicato dos Bancários do Pará e Amapá e membro do Comando Nacional.
Assembléias organizativas diárias – Durante a GREVE, todos os dias, às 17h, na sede do Sindicato (28 de setembro, 1210, Reduto), haverá assembléia com caráter organizativo para encaminhar as ações do movimento grevista no Pará e no Amapá, até que a Fenaban apresente uma nova proposta que permita a convocação de uma assembléia deliberativa.
Veja porque os bancários vão à GREVE:
Reajuste de 10% do salário – Os bancos ofereceram 4,5%, apenas a reposição da inflação dos últimos doze meses, enquanto outras categorias de trabalhadores de setores econômicos menos lucrativos estão conquistando aumento real de salário.
Bancos querem reduzir PLR para aumentar lucros – Os bancários querem uma PLR simplificada, equivalente a três salários mais R$ 3.850 fixos. Os banqueiros propuseram 1,5 salário limitado a R$ 10.000 e a 4% do lucro líquido (o que ocorrer primeiro) mais 1,5% do lucro líquido distribuído linearmente, com limite de R$ 1.500. Essa fórmula reduz o valor da PLR paga no ano passado. Em 2008, os bancos distribuíram de PLR até 15% do lucro líquido, com limite de R$ 13.862 mais parcela adicional relativa ao aumento da lucratividade que chegou a R$ 1.980. Neste ano querem limitar a PLR a 5,5% do lucro líquido e a R$ 11.500.
Valorização dos pisos salariais – A categoria reivindica pisos de R$ 1.432 para portaria, R$ 2.047 (salário mínimo do Dieese) para escriturário, R$ 2.763,45 para caixa, R$ 3.477,00 para primeiro comissionado e R$ 4.605,73 para primeiro gerente. Os bancos rejeitam a valorização dos pisos e propõem 4,5% de reajuste para todas as faixas salariais.
Preservação dos empregos e mais contratações – Seis dos maiores bancos do país estão passando por processos de fusão. Os bancários querem garantias de que não perderão postos de trabalho e exigem mais contratações para dar conta da crescente demanda. Os bancos se recusam a discutir o emprego e aplicar a Convenção 158 da OIT, que inibe demissões imotivadas.
Mais saúde e melhores condições de trabalho – A enorme pressão por metas e o assédio moral são os piores problemas que a categoria enfrenta hoje, provocando sérios impactos na saúde física e psíquica. A Fenaban não fez proposta para combater essa situação e melhorar as condições de saúde e trabalho.
Auxílio-creche/babá – A categoria quer R$ 465 (um salário mínimo) para filhos até 83 meses (idade prevista no acordo em vigor). Os bancos oferecem R$ 205 e querem reduzir a idade para 71 meses.
Auxílio-refeição – Os bancários reivindicam R$ 19,25 ao dia e as empresas propõem R$ 16,63.
Cesta-alimentação – Os trabalhadores querem R$ 465, inclusive para a 13ª cesta-alimentação. Os bancos oferecem R$ 285,21 tanto para a cesta mensal quanto para a 13ª.
Segurança – Os bancários querem instalações seguras e medidas como a proibição ao transporte de numerário, malotes e guarda das chaves. Também reivindicam adicional de risco de vida de 40% do salário para quem trabalha em agências e postos. A categoria defende proteção da vida dos trabalhadores e clientes.
Previdência complementar para todos – Os bancários reivindicam planos de previdência complementar para todos os trabalhadores, com patrocínico dos bancos e participação na gestão dos fundos de pensão.