De um lado, as lembranças dos minutos de terror sob a mira de um revólver, o medo, o trauma, a depressão. Assim muitos bancários e bancárias ficam dias ou até meses depois de um assalto sofrido. Do outro, o descaso do banco com o sofrimento psíquico de seus trabalhadores, que, aliás, pouco investe em ações profiláticas que permitam reduzir o impacto das situações de violência em seus empregados e familiares.
E é preocupado com a segurança e a saúde da categoria que o Sindicato dos Bancários do Pará e Amapá foi até Marabá, sudeste do Pará, na última quinta-feira (19), realizar uma palestra sobre o assunto. Ministrada pelos diretores Sandro Mattos e Heidiany Katrine, e pela advogada da entidade, Mary Cohen; o debate contou com a participação de cerca de 50 bancários e bancárias que dividiram experiências e apresentaram sugestões para o tema.
Foi na região sudeste do Estado que 10 dos 13 assaltos já registrados esse ano, segundo levantamento feito pelo Sindicato, aconteceram. “As rotas de fuga para os bandidos é um dos motivos para o elevado número de ocorrências, aliado a elas, está também a falta de investimentos em segurança privada por parte das instituições financeiras”, ressalta o diretor jurídico do Sindicato, Sandro Mattos.
Para a advogada da entidade, Mary Cohen, o tema segurança é um dever que compete aos órgãos de segurança pública e as empresas privadas, e pela qual todos podem colaborar. “Segurança não é somente vigilância, câmeras, alarmes e equipamentos, mas uma predisposição gerencial. As portas giratórias, a redução do montante de numerário nos pontos de atendimento, a melhoria tecnológica de alarmes e dispositivos de registro de imagens são importantes para dificultar a concretização dos roubos e assaltos”.
Mary Cohen ainda faz uma sugestão de melhorias aos setores de segurança dos bancos, apresentada também durante a palestra em Marabá. “O departamento de segurança em uma organização bancária deveria ser composto obrigatoriamente por uma administração integrada, participando da análise de cenários, da discussão de estratégias, da disposição física dos imóveis e equipamentos, dos programas de ensino e treinamento, além do desenvolvimento de parcerias fortes, internas e externas”.
Campanha Nacional
Segurança Bancária é também uma das reivindicações nacionais da categoria que está na minuta da Campanha 2010, entregue no dia 11 desse mês à Fenaban e apresentada aos bancários e bancárias de Marabá durante o evento e na visita do diretor jurídico, Sandro Mattos, às agências do município.
Por mais segurança, a categoria exige:
– Assistência médica e psicológica às vítimas de assaltos, sequestros ou extorsões;
– Ampliação dos equipamentos de prevenção;
– Adicional de risco de vida de 30% para agências, postos e tesouraria;
– Proibição de transporte de valores e guarda das chaves pelos bancários;
– Estabilidade provisória para vítimas de assaltos, sequestros e extorsões.
Além da palestra, os trabalhadores receberam atendimento jurídico e aproveitaram a presença do Sindicato para denunciar outros problemas que enfrentam diariamente em suas agências, e que serão temas de futuros debates que a entidade irá fazer com a categoria em Marabá, como: assédio moral e/ou sexual, desvio e/ou acúmulo de função e as horas extras não remuneradas.