Bancários de Porto Alegre recusam propostas dos bancos e aprovam greve

Paralisação foi deliberada por unanimidade em assembleia

E os bancários de Porto Alegre cumpriram a promessa. Depois de os representantes dos bancos enrolarem nas mesas de negociação, darem as costas às reivindicações de melhores condições de trabalho e até mesmo nem reconhecerem que os bancos usam o assédio moral e as metas abusivas como ferramenta de gestão para ampliar os lucros crescentes, os bancários de bancos públicos e privados decidiram em uma assembleia por unanimidade, na noite desta quinta-feira, dia 25, no Clube do Comércio, no centro da capital gaúcha, rejeitar a proposta da Fenaban e partir para a greve por tempo indeterminado a partir de terça-feira, dia 30.

Na segunda-feira, dia 29, os bancários realizam, a partir das 19h, assembleia de organização da greve, no mesmo local.

Conforme orientação do Comando Nacional dos Bancários, coordenado pela Contraf-CUT, sindicatos de bancários em todo o país realizaram assembleias e decretaram greve por tempo indeterminado em todo o país.

A assembleia rejeitou a proposta insuficiente da Fenaban, realizada na sétima rodada de negociação no último dia 19, quando os representantes dos bancos apresentaram reajuste de 7% nas verbas salariais e 7,5% no piso.

O presidente do SindBancários, Everton Gimenis, disse que a rejeição à proposta dos bancos e a decisão de entrar em greve estão diretamente ligadas à postura dos bancos públicos e privados nas mesas de negociação.

“Os bancos, este ano, vieram com uma postura de enrolação. Nas rodadas de negociação nacional apresentaram uma proposta que ficou aquém da nossa pauta e não dialogam nem sinalizam com atendimento de nossas cláusulas sociais. A Fenaban não tem proposta nem vontade de reconhecer e atender a necessidade de fazer investimentos para combater o assédio moral e o adoecimento dos bancários”, avaliou Gimenis.

Para o presidente do Sinciato, as mesas de negociação com a Fenaban contaminaram as mesas específicas dos bancos públicos – Caixa, Banco do Brasil e Banrisul. “Em todas as mesas de negociação, os representantes dos bancos ficaram um mês sem dar respostas às nossas reivindicações ou dizendo não. Isso indignou muito os bancários. Esperamos uma greve bastante fortalecida a partir de terça-feira e com muita adesão”, acrescenta Gimenis.

Caixa

A secretária-geral do SindBancários e empregada da Caixa, Rachel Weber, destacou alguns pontos da proposta feita pela direção da Caixa, afirmando que houve alterações em relação à liberação para levar filho no médico. Também fez referência à cláusula referente à licença-maternidade, explicando que o pai goza da licença se a mãe falecer no parto, entre outros. A licença adoção, que era somente para a mãe, agora se estende ao pai.

“É uma proposta que deixa muito a desejar porque não trata das principais questões que atingem a categoria e que anualmente são reivindicadas pelos sindicatos, como saúde, melhores condições de trabalho, mais salário, mais igualdade, mais segurança. Nada disso foi considerado.”

Banrisul

Diretora da Fetrafi-RS e funcionária do Banrisul, Denise Falkenberg Corrêa criticou a postura da direção do banco de propor a retirada do direito à 13ª cesta e vale-refeição de afastados por doença numa das mesas de negociação específica com o Comando Nacional dos Banrisulenses, em Porto Alegre.

“Não podemos aceitar que a direção do Banrisul retire direitos já conquistados através de muita luta. É uma falta de respeito arrastar as negociações dessa forma e, além disso, afrontar os representantes legítimos dos colegas com uma proposta inadmissível dessas”, desabafou.

BB

A enrolação e a falta de disposição para atender às reivindicações sociais demonstradas pela Fenaban se reproduziram nas rodadas de negociação do Banco do Brasil. O BB chegou a antecipar uma rodada da sexta, dia 26, para a quarta-feira, dia 24, em Brasília.

O diretor de formação do SindBancários e funcionário do Banco do Brasil, Julio Vivian, participou dos debates com representantes da diretoria do banco. “Em nenhum momento o banco fez um discurso que demonstrasse interesse em resolver a nossa pauta de reivindicações. Queríamos e cobramos na mesa soluções para o assédio moral e a falta de funcionários. O BB não respondeu. Disse que vai cumprir a Fenaban”, informou Júlio.

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