Trabalhadores protestam contra demissões injustificáveis no banco
Um saldo de 4.833 demissões em apenas um ano e fechamento de 150 agências. Estes são os números que estão preocupando os funcionários do Santander e levando muitos ao adoecimento. Em função deste alto número de demissões e preocupados com a situação em que vivem os bancários, o Sindicato dos Bancários de Piracicaba e Região (SP) organizou, nesta segunda-feira, dia 19, um manifesto contra as demissões e o desrespeito no Santander. O ato foi marcado pelo pedido do Sindicato de garantia de empregabilidade aos bancários.
Diretores e assessores do Sindicato organizaram o manifesto em frente à agência do Santander da Avenida Independência, onde está localizada a superintendência do banco, e convidaram os funcionários da agência para um bate papo.
Durante o ato, foram entregues informativos aos bancários sobre a atual situação do banco e colhidas assinaturas de clientes que se solidarizaram com a luta dos bancários pelo fim das demissões. O manifesto pedia ainda a redução de tarifas e contratação de mais bancários.
“Estamos aqui pedindo mais respeito com os bancários que todos os dias vivem esta instabilidade de não saber se no dia seguinte terão emprego. As demissões só aumentam e o banco não quer saber de conversar e dar garantias a eles”, afirmou o presidente do Sindicato e vereador, José Antonio Fernandes Paiva.
Paiva acrescentou que o Sindicato quer que o banco cresça, prospere, mas com garantia de empregabilidade ao quadro de funcionários. “Precisamos ficar atentos com a atual situação do Santander e, sempre, deixar claro que estamos aqui para ajudá-los, pois trabalhamos para vocês, bancários. Portanto, hoje o nosso pedido ao Santander é simples: queremos dar tranquilidade aos bancários e, na nossa visão, seis meses de garantia de emprego já seria suficiente para melhorar a situação”, enfatizou.
DEMISSÕES
Desde que assumiu a presidência da filial brasileira do Santander, em abril de 2013, o banqueiro Jesús Zabalza vem promovendo um maciço programa de corte de custos. Apenas nos primeiros três meses deste ano, o banco eliminou 970 vagas. Nos últimos 12 meses a devastação foi ainda mais intensa, com o fim de 4.833 empregos.
O número de funcionários, que era 53.484 em março de 2013, chegou a março deste ano em 48.651. Além disso, a instituição fechou 150 agências em 12 meses, sendo 58 apenas no primeiro trimestre deste ano.
Na base do Sindicato – que compreende 22 cidades – atualmente 350 bancários estão lotados em agências do Santander. Porém, em 2013, o número de bancários era maior, já que somente no ano passado foram registradas 44 homologações no Sindicato com funcionários do Santander – lembrando que funcionários com menos de um ano de registro podem ter realizado acordos de demissões diretamente no Ministério do Trabalho, portanto, este número pode ser ainda maior.
Os números levam a crer que neste ano a situação será ainda pior, pois do dia 1º de janeiro a 16 de maio deste ano já são 27 bancários a menos do Santander na base do SINDBAN.
DISPARIDADE
O Santander continua perpetuando sua política de distribuir milhões de reais para seus executivos ao mesmo tempo em que corta postos de trabalho e amplia a diferença entre o que é pago à diretoria e seus trabalhadores.
Quando o atual presidente do Santander Brasil assumiu o comando, em 2013, a promessa era repetir a fórmula adotada quando presidiu as filiais mexicana e chilena do banco, que consiste em reduzir custos por meio da diminuição do número de funcionários, fechamento de agências e aumento das metas dos gerentes.
No topo da cadeia alimentar do banco, a situação é outra. A remuneração global dos 46 integrantes da diretoria executiva do Santander Brasil será aumentada em até 48,3% em 2014. No total, eles poderão receber este ano até R$ 324,1 milhões. Os ganhos de um alto executivo do Banco representam 146 vezes o salário anual de um escriturário.
LUCRO
Mais uma prova da gestão equivocada do Santander é que o banco perdeu para a Caixa Econômica Federal a posição de lucratividade, sendo que a instituição pública possui uma gestão totalmente diferente, com uma política expansiva de crédito e que promoveu a contratação de milhares de funcionários.
A Caixa teve lucro recorde de R$ 6,7 bilhões em 2013, resultado 19,2% maior que em 2012. Com a abertura de 5.272 postos de trabalho, o número de empregados cresceu 5,7%. O Santander, por sua vez, lucrou R$ 5,744 bilhões, queda de 9,7% em relação ao mesmo período, quando eliminou 4.371 postos de trabalho.