Aumento de tarifas foi maior entre bancos que mais lucraram no 1º semestre

Taís Laporta
IG São Paulo

Encerrados os balanços do período, as instituições financeiras com os melhores resultados foram beneficiadas não apenas por carteiras de crédito de menor risco e pela sensível queda nos calotes, como também pela significativa alta na receita com tarifas e serviços.

Entre os cinco maiores bancos, o bom desempenho foi liderado pelo Itaú, que teve lucro 33% maior ante os seis primeiros meses de 2013, de R$ 9,502 bilhões. Foi também a instituição com o aumento mais expressivo de receitas vindas dos consumidores (17,8%), somando R$ 13,3 bilhões.

Essa fonte de receita representou mais da metade da margem financeira (diferença de juros cobrados pelo crédito e pagos aos investidores) do banco no semestre, que foi de R$ 24,6 bilhões.

Apesar de as tarifas e serviços não terem sido o principal catalisador do lucro dos bancos, elas influenciaram positivamente nos resultados, na visão do analista da Um Investimentos, Henrique Florentino.

“O aumento da receita [de tarifas e serviços] foi mais influenciado pelos reajustes de preços do que pela expansão no número de correntistas, que foi inexpressivo”, observa.

A base de clientes do Itaú, incluindo correntistas ou não, cresceu de 58 milhões, no ano passado, para 62,2 milhões ao fim do último semestre, alta de 7% – 10 pontos percentuais a menos que os ganhos com taxas e produtos.

De 40 tarifas bancárias dos serviços prioritários, o Itaú reajustou 42% delas de 2013 para cá, segundo um levantamento do Procon-SP divulgado em junho deste ano. O Bradesco, com o segundo maior aumento na lucratividade (22,9%), aparece na sequência com o maior percentual de tarifas reajustadas (17%).

Empatado com o Bradesco neste quesito, o Banco do Brasil foi exceção: seu lucro cresceu apenas 2% no período, influenciado por fatores como o gerenciamento de despesas administrativas e o leve aumento da inadimplência.

Tarifas irregulares são terceira maior causa de reclamações

A cobrança irregular de tarifas por serviços não contratados foi a terceira maior causa de reclamações procedentes ao Banco Central em junho. Foram registradas 141 queixas no período, de um total de 1748.

Quando somados todos os tipos de cobranças indevidas pelos bancos, elas representaram 14% das denúncias contra o sistema bancário. O BC recebeu 261 queixas a respeito, atrás de débitos não autorizados em conta corrente, que somaram 299 ocorrências.

No último ranking de reclamações ao Procon, de 2013, os bancos representaram quase metade das 20 empresas mais demandadas por consumidores.

Os bancos são proibidos de cobrar uma série de serviços considerados essenciais. Entre eles, estão o fornecimento de cartão de débito, quatro saques em dinheiro por mês e dois extratos com a movimentação dos últimos 30 dias.

Maiores ganhos com tarifas compensam perdas no spread

Para o analista da XP Investimentos, Thiago Souza, o aumento expressivo na receita com tarifas resulta da nova estratégia de diversificar a receita. “Os bancos estão bem mais focados em elevar a rentabilidade com tarifas e serviços depois que houve uma redução importante do spread [diferença entre os juros pagos e ganhos pelo banco] com a queda nos juros”, explica.

Além do reajuste de preços, a política de redução de custos dos bancos, incluindo cortes de postos de trabalho, e a combinação entre baixa inadimplência e aumento gradual do spread, com a retomada da Selic desde o ano passado, ajudaram o resultado saudável no último trimestre, acredita o analista da Ativa Corretora, Lenon Borges.

O Santander, que viu um encolhimento de 2,2% de seu lucro no semestre anterior, elevou o preço de apenas 2,4% de suas tarifas. Já a Caixa, beneficiada pela ampliação da carteira de crédito, encerrou o período com lucro de 7,9%, e não aumentou as taxas de seus serviços.

Ainda assim, a receita proveniente dos consumidores subiu 10% no semestre, ante mesmo período de 2013. O motivo, segundo a Caixa, foi o incremento no volume de negócios com clientes.

“Tradicionalmente, os bancos públicos oferecem serviços mais baratos e adotam um política de não repassar os reajustes para os clientes, uma vez que miram um público de renda menor”, explica Borges, da Ativa.

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