Bancários manifestam repúdio a qualquer proposta de enfraquecimento da Caixa
O Ato em Defesa da Caixa mobilizou nesta quinta-feira (16) empregados do banco em várias cidades do país. O objetivo foi reafirmar a defesa da empresa como instituição pública e reforçar a luta contra a ameaça de privatização, colocada no centro da disputa das eleições presidenciais. Entre as diversas entidades que organizaram o ato estavam a CUT, a Contraf-CUT, a Fenae, as Apcefs e os sindicatos de bancários.
Uma das motivações da iniciativa foram as recentes declarações de Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central no governo de FHC e já anunciado como ministro da Fazenda pelo candidato Aécio Neves (PSDB). “Penso que os bancos públicos precisam ser administrados por padrões muito mais rígidos. Provavelmente vai chegar um ponto em que talvez não tenham tantas funções. Não sei muito bem o que vai sobrar no final da linha. Talvez não muito”, admitiu Fraga em entrevista ao Instituto Liberal.
Cerca de 200 pessoas se reuniram em frente ao prédio da Matriz I, em Brasília. Adesivos e faixas com os dizeres “O Brasil precisa da Caixa”, “O fortalecimento da Caixa não pode parar” e “Mexeu com a Caixa, mexeu comigo” deram o tom.
Desmonte no governo FHC
O presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro, recordou a política nefasta dos tucanos quando governaram o Brasil. “Os bancários da Caixa, BB, BNDES, BNB e Banco da Amazônia não podem se esquecer do desmonte dos bancos públicos no governo FHC, que pode voltar em um eventual governo Aécio Neves”, alertou. “Os tucanos privatizaram vários bancos estatais, como Banespa, Banerj, Bemge, Banestado, Baneb, Meridional e Credireal, entre outros, além de outras empresas, entregando o patrimônio do povo brasileiro”.
“Além disso, eles praticaram nos bancos públicos o arrocho salarial, baixaram na Caixa uma RH 008 para demitir empregados e não negociavam com o movimento sindical. A minuta de reivindicações chegou a ser entregue para um porteiro do prédio”, frisou Cordeiro.
Já nos governos Lula e Dilma, com a mobilização dos bancários e as mesas de negociações, a história mudou completamente. “Conquistamos aumento real pelo 11º ano consecutivo, acumulando na Caixa 21,3% acima da inflação, além de 42,1% de ganho real no piso e vários avanços econômicos e sociais”, destacou.
O dirigente da Contraf-CUT salientou que nesta quarta-feira (15), em São Paulo, os bancários entregaram documentos para Dilma em defesa dos bancos públicos. “Ela manifestou compromisso com o fortalecimento das instituições públicas, como deixou claro no debate na TV Bandeirantes”, ressaltou. Dilma rebateu as declarações de Armínio Fraga e frisou a importância da Caixa para os programas sociais do governo e o crédito habitacional, o papel BB para o fomento da agricultura e a atuação do BNDES para o financiamento da infraestrutura.
Defesa do patrimônio do povo brasileiro
“A Caixa é um patrimônio de todos nós, e é fundamental para o país que ela continue assim, 100% pública e mais forte a cada dia. Repudiamos qualquer proposta que coloque isso em risco. E já está muito definido quem vai fortalecer e quem vai destruir o banco”, disse o presidente da Fenae, Jair Pedro Ferreira.
Ele ainda lembrou dos avanços dos últimos anos. “De 2003 para cá, a Caixa saiu de pouco mais de 2 mil agências para 4 mil. O número de empregados também quase dobrou, indo de 55 mil para 100 mil. Os investimentos em financiamento habitacional aumentaram 10 vezes, chegando a R$ 270,4 bilhões no ano passado. Claro que ainda há muito no que avançar, principalmente nas relações de trabalho. Mas temos que seguir em frente, e não apostar em um projeto que já deu errado lá atrás”, alertou.
O ministro da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, Gilberto Carvalho, prestigiou o ato. “Se a Caixa é hoje tão importante na execução das políticas públicas, é graças a Lula e Dilma, que retomaram a valorização do papel social da empresa e dos empregados”, frisou.
A deputada federal Érika Kokay (PT-DF), que é empregada da Caixa e ex-presidente do Sindicato dos Bancários de Brasília, recordou o sofrimento da categoria entre 1995 e 2002. “Foram anos de arrocho salarial, perda de direitos, demissões sem justa causa, adoecimentos e suicídios. Se eles querem essa realidade de volta, nós não queremos e o Brasil não quer. Se eles querem o fim da Caixa e dos outros bancos públicos, nós não queremos e o Brasil não quer”, declarou.
A manifestação foi encerrada com um abraço simbólico ao edifício-sede da Caixa. De mãos dadas, os empregados reforçaram que estão juntos na luta por uma empresa forte e protagonista no desenvolvimento econômico e social do Brasil.
Atos em outras cidades do país
O Ato em Defesa da Caixa também foi também realizado em Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Fortaleza, Maceió.
Na capital mineira, a presidente do Sindicato dos Bancários de BH, Eliana Brasil, disse: “sempre estaremos nas ruas para defender esse grande patrimônio do povo brasileiro”.
Em Fortaleza, o diretor da Contraf-CUT e da Fenae, Marcos Saraiva, avaliou: “o povo brasileiro com certeza não vai apoiar o retrocesso. Se ninguém conseguiu privatizar a Caixa nem o Banco do Brasil há 12 anos, foi graças aos sindicatos, às federações e ao povo”.
Nesta sexta-feira (17), serão promovidas atividades em Salvador, Porto Alegre e São Paulo.