(São Paulo) Daniel Gomes, Priscila Aprígio, Maria Erenildes, Raimundo José de Jesus, Fábio Ferreira do Nascimento, Gontijo Jordan Veríssimo e um agente da Polícia Federal compõem a lista de vítimas da ação de marginais em assalto a bancos desde o início desta semana em São Paulo.
Daniel Gomes, 45 anos, pai de três filhos, era vigilante do Bradesco da agência da rua Serra do Japi, no Tatuapé. Foi baleado na terça-feira, dia 26, por assaltantes. Segundo relatos, um simples colete a prova de balas salvaria sua vida.
Na quarta, dia 28, uma troca de tiros após assalto em agência do Itaú, em Moema, atingiu quatro pessoas que passavam pelo local. Priscila Aprígio, 13 anos, Maria Erenildes, 38 anos, Raimundo José de Jesus, 39 anos, e Fábio Ferreira do Nascimento, 28 anos. Os bandidos chegaram por volta das 17h, chamaram pela gerente e a obrigaram a abrir os caixas do auto-atendimento. Pegaram R$ 10 mil e as armas dos vigilantes. Um Guarda Civil Metropolitano, que utilizava o auto-atendimento na hora do roubo, reagiu e começou a troca de tiros. Segundo testemunhas, seguranças de um bingo próximo também passaram a atirar. Balas “perdidas” atingiram as quatro pessoas. Em estado mais grave, Priscila está internada numa UTI e pode ficar paraplégica. De acordo com a PM o alarme e as câmeras de filmagem estavam desligadas.
Na quinta, dia 1º de março, após assalto em agência do Bradesco na Av. Cidade Jardim, uma nova vítima: Gontijo Jordan, de 37 anos, teve seu carro roubado e foi atingido por um tiro na nuca – ele foi socorrido para o Hospital São Luiz. Os assaltantes renderam o gerente e fugiram com R$ 100 mil. No mesmo dia um agente da Polícia Federal, Wagner Romano, 48 anos, foi alvejado ao sair da agência do Itaú na Penha após sacar R$ 5 mil para pagar a cirurgia de parto de seu filho.
Outros dois assaltos ocorreram, ambos na zona Leste. O primeiro em um Posto de Atendimento Bancário (PAB) no Hospital de Guaianazes, ainda na quinta-feira. No outro, em agência do Banco do Brasil em Arthur Alvim, os bandidos renderam o vigia e arrombaram o cofre com uma furadeira durante a madrugada de sexta-feira, 2 de março.
Falhas
De acordo com o diretor do Sindicato que participa das reuniões da Comissão Consultiva para Assuntos de Segurança Privada (CCASP), Daniel Reis, a Polícia Federal aumentou o número de atuações nos bancos por irregularidade no sistema de segurança – saltando de 20 a 30 por mês em 2005, para 150 a 200 ao mês no segundo semestre de 2006. Alarme inoperante, falta de filmadoras, número insuficiente de vigilantes, além de ausência de fardamento (colete à prova de balas) para os vigias são as principais irregularidades. “Desde setembro do ano passado o fornecimento do colete aos vigilantes é obrigatório. Foi o não cumprimento dessa norma que contribuiu para que o vigilante morresse no Bradesco”, afirma Daniel Reis. “Isso é um descaso da empresa de vigilância que não cumpriu a lei e do banco contratante que não fiscalizou e foi conivente com a ilegalidade.”
A extrapolação da jornada de trabalho com a imposição dos bancos de se atender “clientes especiais” fora do expediente ao público – também tem contribuído para a ação de marginais. “É uma exposição desnecessária do bancário que tem sua segurança colocada em risco ao ser obrigado a agir dessa forma. É necessário mudar a atitude dos bancos que têm de repensar seu formato de funcionamento e o sistema de segurança que já provou não ser capaz de proteger a vida de bancários e clientes”, acrescenta.
Fonte: Jair Rosa – Seeb SP