Por João Rufino*
Na mentalidade distorcida dos banqueiros, inclusão social, valorização à cultura, ações ecológicas e tantas outras campanhas não passam de marketing institucional – para justificar a isenção de impostos, gerados por tais ações. Palavras como responsabilidade social, gestão participativa e outras são usadas para travestir a real cara do capitalista do mundo financeiro, que, ano a ano, dobra seu lucro às custas da miséria nacional e do adoecimento físico e mental de grande parcela dos bancários e bancárias.
São fábulas que não conseguem mais enganar sequer os clientes: “bancos que nem parecem bancos”, mundo perfeito ou “completo”, tudo “feito pra você”… Imaginem à nós, que temos, diariamente, este prato requentado de democracia à moda da casa nos self-services da Fenaban.
Assim trabalham eles: rotulam-nos e apelidam-nos de “colaboradores”, tentando roubar-nos nossa condição de trabalhadores, e nossa possibilidade de nos reconhecermos enquanto classe. Um processo que assemelha-se muito às práticas da máquina de propaganda nazista, que utilizava-se da repetição de uma mentira, tantas vezes, até que essa tivesse status de verdade.
Outra grande mentira é a da realização de “eleições democráticas” para escolhermos representantes em diversos fóruns. Tomemos por exemplo a recente encenação montada pelo Unibanco. Num processo eleitoral, onde as regras foram impostas pelo banco, os candidatos não atendiam a critérios paritários e não houve espaço para divulgação, o banco excluiu o movimento sindical e indicou pessoas para “nos representarem” na discussão de nada menos do que as metas.
No que se refere a condições de trabalho, a debilidade é gritante. Mobiliários inadequados que geram e agravam doenças ocupacionais, que já afastam mais de 30% dos trabalhadores ativos do setor bancário. Porém, o número de CATs – Comunicação de Acidentes de Trabalho emitidas por ano não reflete a realidade. Para eles, a culpa recai sempre sobre as vítimas – os trabalhadores. Assim eles justificam a não emissão das CAT´s que, em alguns casos, revertem processos de demissão de lesionados.
O novo calcanhar de Aquiles dos banqueiros são as doenças mentais – frutos do assédio moral e dos inúmeros assaltos a que somos submetidos durante o expediente. Em alguns bancos, como o do Brasil e Caixa, já existe espaço para que o sindicato promova palestras para prevenir e combater a prática do assédio. No início de agosto, fizemos a mesma proposta a alguns bancos privados. O primeiro a responder foi o Unibanco, do sr. Pedro Moreira Sales: Não! O banco negou-se a discutir e, por conseguinte, a combater o assédio moral em suas agências. E ainda tenta, com um texto de duas laudas, mostrar-se preocupado com o tema. Será?
Esperamos que a resposta dos demais possa garantir o diálogo no setor privado. Ou será que a prática do assédio para atingir metas, submeter-se a banco de horas ilegais, entre tantas outras coisas que alguns trabalhadores engolem goela-abaixo, através de práticas humilhantes e desrespeitosas, serão reconhecidas pelos banqueiros como política de gestão? O maior aliado do assediador é o silêncio. Seja companheiro: denuncie!
* João Rufino – é secretário de Saúde e Segurança no Trabalho do Sindicato dos Bancários de Pernambuco