O interdito proibitório obtido pelo Itaú em Campos, no interior do Estado do Rio de Janeiro, na última semana não durou mais de três dias. O juiz da 2ª Vara do Trabalho do município havia concedido liminar ao banco na sexta-feira (2) mas o Sindicato dos Bancários de Campos, através da assessoria jurídica do escritório Machado Silva, entrou com pedido de mandado de segurança junto ao Tribunal Regional do Trabalho, na capital. A decisão local foi reformada na manhã de ontem (6).
Segundo a desembargadora Rosana Salim Villela Travesedo, responsável pela relatoria da matéria, a liminar expedida pelo juiz campista não se baseava em provas que, de fato, comprovassem a ameaça à posse dos imóveis. As fotografias apresentadas pelo banco para justificar o pedido de liminar eram de manifestações grevistas realizadas no Rio de Janeiro, há alguns anos.
Para a desembargadora, registros de greves antigas e realizadas em outro município não comprovam o risco alegado pelo banco. Para Rosana Travesedo, a liminar só deve ser concedida em caso de prova inequívoca do risco e, como as provas apresentadas pelo Itaú não se referiam ao movimento grevista de Campos, não poderiam ser usadas.
A magistrada destacou que as atividades realizadas pelo sindicato local se encaixam nas descritas na legislação de greve.
Volta a fechar
Em função do interdito obtido pelo Itaú, as agências do banco funcionaram na sexta-feira,a partir do meio-dia, e na segunda e na terça o dia todo. Mas na assembleia realizada no sindicato na noite de segunda-feira já foi aventada a hipótese de cassação da liminar.
O sindicato realizou nova plenária ontem para informar aos bancários sobre o mandado de segurança que assegura o direito de greve. Durante todo o dia de hoje (07) os dirigentes farão caravana pelas agências do banco na base para informar os bancários sobre a decisão judicial.
Unidos somos fortes
O lamentável episódio do espancamento e prisão do presidente do Sindicato, Rafanele Pereira, teve um efeito positivo: os bancários da região estão unidos e a greve se fortaleceu. Diante da truculência da PM e da atitude do gerente da agência do Bradesco, os trabalhadores perceberam claramente quem é que está ao seu lado.
Com isso, a greve na base do Sindicato permanece forte e muitos bancários já não atendem às convocações de seus gestores e sequer aparecem na frente de suas agências.
Assim tem sido no HSBC, que obteve liminar de interdito proibitório. O banco não está funcionando porque não há bancários para trabalhar, mesmo com a liminar.
A greve na base do Sindicato continua forte, com um pequeno número de agências abertas, principalmente fora do município-sede.