Paralisação na agência Sete de Setembro contra as demissões no Itaú
A manhã gelada no Rio Grande do Sul não impediu a mobilização dos bancários. Cinco agências do Itaú Unibanco tiveram o início de atendimento ao público atrasado nesta quarta-feira, 6 de julho, no Dia Nacional de Luta, no centro de Porto Alegre.
O protesto ocorreu em quatro unidades situadas na Rua dos Andradas (Esquina Democrática, Galeria Chaves, Praça da Alfândega e C&A) e uma na Sete de Setembro. As unidades retomaram o serviço às 12h.
Diretores do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região, da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Instituições Financeiras do Rio Grande do Sul (Fetrafi-RS) e da Contraf-CUT participaram do ato que denunciou as demissões, imposição de metas abusivas, assédio moral, jornada excessiva e desrespeito aos clientes e usuários do sistema financeiro.
“Nosso ato objetiva dar visibilidade as demissões que estão ocorrendo sem nenhum critério. Vamos continuar protestando até que a diretoria do banco venha conversar seriamente sobre essas atitudes”, afirmou o diretor Administrativo do SindBancários, Célio Romeu dos Santos, funcionário do Itaú.
O diretor da Fetrafi-RS e também empregado do banco, Arnoni Hanke, ressaltou a situação que ocorre em nível nacional, além da capital gaúcha e cidades do Interior. “As demissões que estão acontecendo são bem diferentes do discurso dos diretores à época da fusão. As agências já têm número reduzido de funcionários e, com esses desligamentos, o atendimento fica mais precário. Os diretores do banco devem cumprir a palavra de que não demitiriam, por isso o slogan da nossa campanha: Eles mentem e estão demitindo”, afirmou.
Os dirigentes sindicais distribuíram um jornal à população esclarecendo as razões da atividade e denunciando as demissões.
“Já são 7 mil demissões desde a fusão dos dois bancos, ocorrida em 2008. Talvez os proprietários não estejam contentes com a maior união ocorrida no sistema financeiro nacional. Os colegas estão enfrentando acúmulo de funções e desvios de atividades. As demissões ocasionam aumento de filas, pois o serviço não diminui e nem as metas a serem cumpridas”, avaliou o funcionário do Itaú e diretor da Fetrafi-RS, Edison Moura.
O dirigente também denunciou o atrelamento do Programa Agir aos benefícios dos trabalhadores. “Se o bancário cumpre tudo o que está no programa, pode escolher o período de férias, caso contrário, perde seus direitos”, acrescentou.
A funcionária do Itaú Unibanco e diretora do SindBancários, Catia Cilene, destacou o acúmulo de funções e o desrespeito aos clientes. “Na terça-feira, dia 5, data de pagamento de aposentados, não havia gente suficiente para atender na agência. Com apenas dois caixas, o Gerente de Operações e o tesoureiro foram deslocados para o atendimento ao público. Havia um caixa específico para os pagamentos, mas os aposentados acabam enfrentando uma enorme fila, pois todos vão para o caixa prioritário. Isso é um absurdo!”, disse.
O Itaú Unibanco lucrou R$ 3,53 bilhões no primeiro trimestre deste ano, com crescimento de 9,2% em relação ao mesmo período de 2010, ano em que teve lucro líquido de R$ 13 bilhões. Apesar de apresentar o maior ganho do sistema financeiro brasileiro, o banco não melhora o seu atendimento, ao contrário, prejudica o serviço e demite o que resulta em longas filas e atendimento precário.
“O lucro do banco não dialoga com essas demissões. Não há gente sobrando nas agências, pelo contrário, falta pessoal e os clientes enfrentam um atendimento precário, além de pagarem taxas e tarifas abusivas. Eles quebraram o acordo feito na época da fusão. Em toda a rede, encontramos funcionários sobrecarregados e com imposição de metas. Queremos que a direção do banco venha negociar para por um fim nessa situação”, frisou o empregado do Itaú e diretor do SindBancários, Antônio Augusto Borges, o Guto.
“Somente com protestos e paralisações é que a população fica sabendo o que está ocorrendo nas agências do Itaú Unibanco. O banco visa apenas o lucro e enxuga as agencias com demissões. O resultado é o bancário trabalhando 10, 12 horas por dia, com 15 minutos de intervalo”, denunciou o funcionário do Itaú Unibanco e secretário-geral do SindBancários, Sandro Rodrigues.
Para o diretor da Contraf-Cut, Ernesto Humberto dos Santos, o movimento sindical deve retomar imediatamente o debate sobre a convenção 158 da OIT, que impede as demissões imotivadas. “O que está ocorrendo no Itaú Unibanco é um desrespeito à convenção. O banco está demitindo sem nenhum motivo”, denunciou.
Enquanto as demissões continuarem ocorrendo e o banco não sentar com os representantes dos trabalhadores para negociar, não estão descartadas novas manifestações e paralisações de serviços.