A categoria bancária foi a primeira a conquistar a licença-maternidade de seis meses, na convenção de 2009/2010. Nos meses que se seguiram à assinatura do acordo, os bancos tentaram criar dificuldades para implantar a medida, mas a pressão sindical, com protestos e articulações em Brasília, fez com que a conquista fosse consolidada em fevereiro de 2010, quando todos os bancos passaram a cumprir a cláusula.
“Os benefícios da ampliação são enormes, pois as mulheres representam praticamente metade da categoria. O período de 180 dias é importante para as trabalhadoras, para as crianças e para toda a sociedade. Os bebês usufruem de um período maior de aleitamento e as mães têm mais tranquilidade”, afirma a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Juvandia Moreira.
A luta por mais esse direito é antiga e foi reforçada no Carnaval de 2009, quando o Bloco dos Bancários tomou as ruas do Centro Velho trazendo a demanda como principal bandeira de luta. Os primeiros avanços vieram em negociações banco a banco: no primeiro semestre de 2009, BB, Nossa Caixa e Caixa Federal já adotavam a licença ampliada.
Agora, uma das principais bandeiras de luta dos trabalhadores em 2011 será a ampliação da licença-paternidade. “Queremos que os pais também possam ficar mais tempo com seus filhos após o nascimento”, destaca Juvandia.
Dando exemplo
O Sindicato deu o exemplo e começou a conceder a conquista às suas funcionárias no início de 2009. Florice Menezes, da Central de Convênios do Sindicato, foi a primeira a aproveitar os dois meses extras. Sua filha Isabelli nasceu em maio daquele ano e Florice só voltou a trabalhar em dezembro, pois somou os 180 dias ao mês de férias a que tinha direito.
“A Isabelli só foi para a escolinha com cinco meses e a gente pôde fazer uma adaptação gradativa, eu ficava com ela o tempo todo lá. Seria muito ruim se ela começasse a adaptação com três meses, pois nessa idade dois meses faz uma grande diferença. Ela ainda era muito dependente”, diz Florice, que destaca ainda que deve ao tempo estendido de licença o fato de Isabelli continuar mamando até hoje, com quase um ano e meio.
“Esse tempo a mais também permitiu que até os cinco meses ela só se alimentasse do leite materno. Criamos uma ligação mais forte naquele período e isso tem a ver com o fato de ela até hoje mamar de manhã e à noite”, completa.
João, segundo filho da funcionária do Banco do Brasil Letícia Takaes, tem praticamente a mesma idade de Isabelli. Nasceu em março de 2009, na época em que o banco federal anunciou que aceitaria a reivindicação do Sindicato.
“Quando a Isabela [sua outra filha, hoje com 9 anos] nasceu, eu tive só quatro meses de licença e foi muito diferente, principalmente no que se refere à adaptação no berçário. A Isa chegou a ficar duas semanas sem se alimentar quando eu voltei a trabalhar, porque ainda não tinha se adaptado fora do peito. Foi muito sofrido. Com o João foi tudo mais fácil e sossegado”, relata.
Atenção ao prazo
Para garantir os dois meses a mais de licença, a bancária deve fazer uma solicitação formal, por escrito, ao RH do banco. Mas atenção, pois o prazo máximo para fazer esse pedido é de um mês após o parto. As bancárias que, por algum motivo, tiverem problemas para ter acesso ao direito, garantido na Convenção Coletiva de Trabalho, devem denunciar o fato ao Sindicato.