Bloomberg News
Andrew Davis e João Lima, de Roma
A América Latina está mais bem posicionada do que outros mercados emergentes para resistir aos efeitos de um possível calote da dívida do Dubai, porque a sua economia está em melhor forma, disse Pamela Cox, vice-presidente do Banco Mundial para América Latina.
“Se eu fosse um investidor, olharia para o histórico das diferentes regiões”, disse Cox, em uma entrevista concedida na reunião de líderes latino-americanos em Estoril, Portugal. “Olharia para os fundamentos e para alguns dados, e acho que veria que a América Latina parece muito bem.”
As ações da Ásia tiveram a maior queda de três meses na semana passada e os mercados europeus sofreram a sua pior baixa desde abril depois que o governo de Dubai disse, em 25 de novembro, que queria reescalonar os pagamentos da dívida da estatal Dubai World. Os investidores ficaram com medo que a proposta levasse ao maior calote soberano desde o da Argentina, em 2001.
As bolsas se recuperaram depois que o banco central dos Emirados Árabes Unidos (EAU) disse que “respalda” as instituições de crédito locais e estrangeiras de Dubai, e depois que a Dubai World informou estar em conversações iniciais “construtivas” com os bancos para renegociar o pagamento de cerca de US$ 26 bilhões.
A economia da América Latina deverá contrair 2,5% este ano e expandir 2,9% em 2010, puxada pela recuperação do Brasil, a maior economia da região, previu em 1º de outubro o Fundo Monetário Internacional (FMI). Em relação a outros mercados emergentes, o FMI prevê crescimento de 9% na China, 4% na África, 4,2% no Oriente Médio e 2,1% na Comunidade dos Estados Independentes (ex-União Soviética).
Os investidores devem ficar menos preocupados com um calote na América Latina do que nos anos anteriores, porque os governos da região reduziram suas dívidas e melhoraram os controles sobre o mercado financeiro nos cinco anos de crescimento econômico até 2008, disse Cox.
“A América Latina realmente soube aproveitar esse período de crescimento econômico e fez todas as coisas certas em termos de regulamentar melhor seu setor financeiro, ter superávits e controlar os gastos públicos”, disse Cox. “Muitos países reduziram bastante as dívidas interna e externa. A América Latina realmente está à frente de grande parte do mundo quanto à gestão da dívida.”
O custo de proteger os títulos do Brasil contra o calote durante cinco anos caiu 63% nos últimos 12 meses, para 1,29 ponto percentual até ontem, segundo dados compilados pela CMA Datavision. Custa 148 pontos para segurar contra o calote os bônus do México, uma queda de 58,7% em relação há um ano. Os preços dos contratos declinam com a melhora das percepções de qualidade de crédito. Um ponto-base equivale a US$ 1 mil em um swap para proteger US$ 10 milhões em dívida mobiliária.