Começou com muita garra o Dia Nacional de Lutas e Mobilizações da CUT. Em São Bernardo do Campo, metalúrgicos e representantes de diferentes categorias romperam a manhã em passeatas a partir das fábricas da Volkswagen, Mercedes, Scania e Metal Leve. Por volta das 6h30, os trabalhadores e trabalhadoras da Mercedes chegaram ao pátio da Ford para uma assembléia conjunta, que reuniu 8 mil trabalhadores em defesa da redução da jornada sem redução de salários, da ratificação das convenções 151 e 158 e também pelo fim do fator previdenciário.
Uma semana de panfletagem na porta das fábricas precedeu as mobilizações de hoje. Estiveram presentes na assembléia da Ford dirigentes de diversas entidades cutistas e representantes dos trabalhadores da Mercedes alemã, que prestaram apoio à luta.
O presidente nacional da CUT, Artur Henrique, destacou o papel solidário dos metalúrgicos do ABC, que em sua maioria já cumprem jornada de 40 horas semanais ou menos e que também já têm em suas convenções coletivas mecanismos semelhantes à 158 contra as demissões sem justa causa. “Como nas quatro marchas anuais que fizemos para conquistar uma política de valorização do salário mínimo, os metalúrgicos e metalúrgicas participaram, apesar de ganharem mais que o mínimo. Esse engajamento aqui no ABC comprova que esta é uma luta de classe, pela agenda dos trabalhadores, por outros como os vigilantes que trabalham aqui mesmo nesta empresa e não têm as mesmas conquistas da maioria dos metalúrgicos da região”, disse Artur. “E com essa unidade vamos inclusive ampliar nossa pauta, aproveitando o momento em que o país cresce para avançar nas conquistas”, completou.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e diretor executivo da CUT Nacional, José Lopez Feijóo, encerrou a assembléia em emocionado tom de despedida. “Provavelmente esta é minha última grande mobilização como presidente do sindicato”, iniciou Feijóo, que passa o cargo no próximo dia 19 de julho para Sérgio Nobre, recém-eleito. Feijóo fez uma retrospectiva das lutas sindicais cutistas nos últimos 30 anos, chamando a atenção das novas gerações de trabalhadores para o fato de que a melhoria das condições de trabalho são fruto de muita batalha, inclusive contra a ditadura militar, que custou demissões, encarceramento e toda o tipo de perseguições. “Muita coisa mudou para melhor, mas foi graças à muita luta”, disse.
Ao comentar a participação dos metalúrgicos neste Dia Nacional de Lutas e Mobilizações, o dirigente disse concordar que é uma questão de solidariedade bater-se por conquistas que a categoria já alcançou. Mas, para ele, é também capacidade de entender que a melhoria das condições de cada trabalhador torna-se conquista de todos. “Não tem essa de que a luta não nos diz respeito. Conquista de boas políticas favorecem a todos”, afirmou.
Ao longo do dia, o Portal do Mundo do Trabalho publicará mais detalhes sobre esta atividade e as demais organizadas por todo o Brasil.