2º Encontro Nacional do Macrossetor aponta desafios da conjuntura

Evento ocorre no auditório da Contracs, em São Paulo

O 2º Encontro Nacional do Macrossetor do Comércio, Serviços e Logística da CUT, que acontece nesta quinta e sexta-feira, dias 3 e 4, no auditório da Contracs, em São Paulo, reúne cerca de 60 dirigentes sindicais dos ramos financeiro, comércio, comunicação, vigilantes e transportes, discutindo os desafios colocados para as categorias, enquanto classe trabalhadora.

O evento foi aberto na manhã desta quinta-feira, com manifestações de representantes de cada um dos ramos. O presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro, destacou a importância do encontro para os trabalhadores do ramo financeiro, chamando a atenção para a necessidade de fazer a disputa da hegemonia na sociedade. Ele lembrou os 50 anos do golpe e a luta dos trabalhadores contra a ditadura e pela democracia.

Conjuntura

O técnico do Dieese, José Silvestre, fez uma exposição, apontando o desafio do crescimento. Ele disse que o controle da inflação segue em pauta, ponderando que esse é um fato que preocupa o governo, pois gera efeitos maléficos para os trabalhadores e os salários.

Silvestre destacou que a inflação pode afetar principalmente os reajustes salarias. Houve uma diminuição no número de categorias com ganho real e, principalmente, reduziu o aumento acima da inflação na análise dos dados de 2013. Para ele, 2014 deverá repetir números similares aos apresentados pelo Dieese sobre os acordos do ano passado.

O economista abordou também a questão da política de valorização de salário mínimo. Segundo ele, este é um elemento fundamental devido ao alcance que tem para as pessoas que tem seu ganho referenciado pelo salário mínimo. “Essa política teve efeito benéfico para as negociações e para os pisos das categorias”, salientou. Ele alertou que essa política de valorização será reavaliada em 2015.

Para Silvestre, o desafio que está posto: qual é a alternativa para sustentar a economia e, sobretudo, sustentar essa política que vem permitindo ao longo dos anos reduzir a desigualdade e manter o crescimento do mercado de trabalho e sustentar os ganhos conquistados pelos trabalhadores nos últimos anos?

Números do Macrossetor

Já o técnico do Dieese, Rafael Serrão, apresentou alguns dados contundentes sobre o Macrossetor do Comércio, Serviços e Logística. Ele frisou que esses setores correspondem a mais de 50% de tudo que é produzido no Brasil desde os anos 2000.

Rafael ressaltou que o macrossetor tinha quase 50 milhões de trabalhadores em 2012, o que significa mais de 50% dos trabalhadores brasileiros, tornando-se a atividade que mais emprega no Brasil atualmente.

Ele pontuou a questão da desindustrialização brasileira, o que distanciou as taxas de emprego na indústria em queda dos índices de emprego do comércio, serviços e logística em ascensão.

Regionalmente, o técnico do Dieese disse que a maioria dos empregados estão na Região Sudeste. “É um dos macrossetores com maior distribuição no País, já que na indústria mais de 60% dos trabalhadores se concentra no Sudeste.”

Ao demonstrar o que Silvestre já havia pontuado em relação à formalização do emprego, Rafael apresentou o dado de que 50% dos trabalhadores deste macrossetor são assalariados formalmente, ou seja, possuem carteira assinada. Entre os assalariados informais são 22,5% e 20% são autônomos.

Entre os últimos dados, Rafael apresentou os índices de sindicalização, que vem diminuindo ao longo dos anos. Atualmente, o macrossetor tem uma taxa de sindicalização de 12,8%, e o ramo de comércio e serviços tem apenas 10,1%. O maior índice está no ramo financeiro com 33%.

Maior participação política

O secretário de organização e política sindical da CUT, Jacy Afonso, fez uma análise da conjuntura política. Segundo ele, a classe trabalhadora tem enfrentado várias dificuldades na relação de diálogo com o governo.

Jacy, ex-presidente do Sindicato dos Bancários de Brasília, reforçou a importância da 8ª Marcha da Classe Trabalhadora, que acontecerá no próximo dia 9, em São Paulo, e será uma demarcação de território por parte das centrais sindicais. Ele enfatizou a necessidade da uma participação massiva da CUT.

O dirigente da CUT destacou também a luta contra o PL 4330/2004, do deputado Sandro Mabel (PMDB-GO), que permite a terceirização em todas as áreas das empresas. “Tivemos uma vitória grande em 2013 e este macrossetor foi fundamental na mobilização. A ação sindical da CUT e demais centrais sindicais foi muito importante e o apoio parlamentar foi consequência”, afirmou.

Embora o projeto se encontra atualmente parado no Câmara, Jacy lembrou que este ainda é um assunto pendente e que poderá ser colocado na ordem do dia para votação após às eleições deste ano.

Por isso, o diretor da CUT alertou para a importância de maior participação política nas eleições. “Apesar de termos eleito um sindicalista para presidir o país e depois termos escolhido uma ex-guerrilheira, ainda há uma grande dificuldade em eleger uma bancada que represente de fato os trabalhadores”, frisou. Atualmente, informou, grande parte da bancada do Congresso é composta por ruralistas e políticos financiados pelas grandes empresas. “Temos que mudar essa realidade”, finalizou.

Após as exposições dos palestrantes, ocorreram debates que aprofundaram os temas pautados.

Continuidade

O encontro continua na parte da tarde desta quinta-feira, com painéis sobre as negociações coletivas e os elos que unem os ramos que compõem este macrossetor.

Nesta sexta-feira, o evento prossegue com um painel sobre as novas formas de organização do trabalho, o emprego decente, a prestação de serviços e o direito à cidadania, a agenda da classe trabalhadora e a disputa da hegemonia.

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