Delegados e delegadas homenageiam vítimas do massacre israelense
Hussein Yousef Kawareh, de 13 anos; Bassim Salim Kawareh, de 10 anos e Mohammed Malki, de apenas 1 ano, foram alguns dos “terroristas” vítimas dos bombardeios israelenses homenageados com um minuto de silêncio pelos delegados e delegadas presentes ao ato de solidariedade à Palestina, realizado nesta terça-feira (29), em Guarulhos, durante a 14ª Plenária Nacional da Central Única dos Trabalhadores.
De forma simbólica, os nomes das crianças foram erguidos em cartazes que lembravam os mais de mil palestinos assassinados pelos bombardeios de aviões e tanques contra a Faixa de Gaza desde o reinício dos ataques.
“Estamos aqui nos posicionando contra essa política de genocídio, contra o extermínio do povo palestino, contra o assassinato deliberado de mulheres e crianças pelo Estado de Israel”, afirmou o presidente da CUT, Vagner Freitas, alertando para a manipulação dos conglomerados de mídia que, alinhados a Israel, tentam vender a versão do “conflito” no Oriente Médio.
“Não há guerra ali, pois não existe qualquer equilíbrio de forças, mas uma desproporção em favor do Estado sionista, que mantém a Faixa de Gaza cercada por terra, mar e ar. Diante dos mais de mil palestinos mortos e mais de seis mil feridos e mutilados, grande parte mulheres e crianças, dos hospitais e escolas bombardeados, defendeu Vagner. “A humanidade deve interferir, porque é um direito humano que está sendo violado”.
“Segundo o chanceler de Israel, o nosso país é de quinta categoria. Ele deveria ser chamado para dar explicações. Nós exigimos que o Brasil tome posição em defesa da vida e assuma o boicote comercial e militar a Israel”, disse Vagner.
Membro da executiva nacional da CUT, Antonio Lisboa reiterou que “não há guerra, mas um massacre promovido pela quarta potência militar do planeta contra uma população indefesa”. “Há uma estratégia clara de extermínio de um povo”, denunciou Lisboa.
Conforme o dirigente, este é o momento de a CUT fortalecer a solidariedade, levando aos locais de trabalho e às ruas a campanha para que o Brasil se incorpore à campanha internacional por Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS) contra o Estado sionista. “Um brasileiro, Oswaldo Aranha, esteve à frente em 1948 da criação de Israel. Sempre defendemos o direito à existência de dois Estados, o que está sendo violado pela política implementada pelo primeiro ministro de Israel, Benjamin Netanyahu”, acrescentou.
Durante o ato de solidariedade foi distribuída a cartilha “A causa Palestina”, com informações sobre a origem do sionismo, a invasão e ocupação do território palestino, o nacionalismo árabe, a Guerra dos Seis Dias, a Organização pela Libertação da Palestina (OLP), o muro do apartheid e a campanha do BDS.
“Esta cartilha é um importante instrumento para ser utilizado em nossos cursos de formação e pelos professores nas salas de aula como forma de contraposição à manipulação da mídia que, em defesa de Israel, coloca sua versão como se fosse a de mocinhos contra bandidos”, denunciou o presidente da Confederação Sindical Internacional, João Antonio Felício.
A publicação cutista tem uma chave na capa, lembrou o dirigente, “como forma de protesto das famílias expulsas do seu pedaço de terra”. “Eles levam a chave das suas casas na esperança de que possam retornar um dia”, acrescentou.
João Felício também defendeu o boicote aos produtos fabricados em Israel como uma das maneiras para acabar com a opressão e a segregação aos palestinos. “O apartheid na África do Sul só caiu quando a campanha de boicote ganhou força e os países latino-americanos e europeus deixaram de comprar produtos fabricados no país”, recordou o presidente da CSI, lembrando que Israel possui uma máquina de armas de alta tecnologia com as quais continua se sustentando. “É inadmissível que qualquer governo comercialize armas com um governo que massacra civis inocentes”, sublinhou.
Participando da mesa sobre conjuntura internacional, o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães alertou que na imprensa há toda uma “mitologia” em defesa dos sionistas. “O Estado de Israel ocupa território palestino há quase 50 anos. Desde então, tal ocupação é condenada por unanimidade pela Assembleia Geral da ONU, com exceção dos Estados Unidos”, recordou.
O embaixador lembrou que “há um muro construído pelo governo sionista separando terras, uma prática política de destruição, de ocupação através de assentamentos, contrariando a ONU, ao mesmo tempo em que não há uma reação devida da comunidade internacional”.
Durante o ato, foram exibidos dois vídeos – um curta-metragem sobre a luta dos palestinos e um clipe do artista Roger Waters, do Pink Floyd, com a música We shall overcome, em que conclama a “demolir as paredes da prisão”.