Secretário de Planejamento e Gestão do Estado do Rio Grande do Sul, Mateus Bandeira, 40 anos, assume nesta terça=feira, dia 20, às 11h, na sede do Banrisul, no centro de Porto Alegre, a presidência do banco no lugar de Fernando Lemos, que vai para o Tribunal de Justiça Militar.
Bandeira terá menos de um ano até o final do governo de Yeda Crusius para atingir sua principal meta: aumentar em 22% a carteira de crédito do Banrisul, especialmente para empresas. Com R$ 10 bilhões em caixa e 434 agências, o banco tem a maior rede do Estado – 28% do total -, mas apenas 17% do crédito concedido.
– O cartão de débito do banco é aceito em quase 90 mil estabelecimentos no Estado e queremos estreitar o relacionamento com essa rede credenciada para que essas empresas também utilizem o crédito do Banrisul – adianta Bandeira.
Na gestão de Lemos, iniciada em 2003, o crédito para pessoa física cresceu mais de 800%, e para pessoa jurídica, pouco mais de 160%. Atualmente, 55% do financiamento concedido pelo Banrisul é para pessoas físicas – e 75% desse total é consignado, o que tem garantido ao banco índices muito baixos de inadimplência.
Bandeira avalia que é hora de aproveitar o momento econômico que aponta um potencial de crescimento no segmento empresarial. Outra meta é entregar o banco no final do governo com um projeto de crescimento de longo prazo.
– Vamos fazer um planejamento para, no mínimo, cinco anos – afirma.
Entre as principais realizações na Secretaria do Planejamento, pasta que ocupou por menos de dois anos, Bandeira cita o desenvolvimento da nova carreira de gestor público, com implementação da meritocracia, e a coordenação do projeto das parcerias público-privadas (PPP).
Um gestor obcecado por metas
No seu livro mais recente, O Verdadeiro Poder, Vicente Falconi, o consultor brasileiro mais influente da atualidade, explica que liderar é bater metas consistentemente. O livro está na cabeceira do novo presidente do Banrisul, Mateus Bandeira, também um obcecado por metas.
Pode parecer estranho que um profissional no setor público há 17 anos se inspire nas lições de um especialista em ajudar grandes companhias privadas. Mas quem o conhece, sabe que Bandeira sempre perseguiu um modelo de gestão nos moldes das empresas privadas para o setor público.
– Ele é muito determinado para remover os obstáculos que engessam o setor público – diz Aod Cunha, ex-secretário da Fazenda que o levou para o atual governo.
O começo foi na iniciativa privada, após a conclusão do curso de informática na Universidade Católica de Pelotas, onde nasceu. Trabalhou nos grupos Josapar e Ioschpe. Por influência do pai, então servidor da Fazenda, fez concurso para a mesma secretaria.
Após concluir MBA, opção foi pelo setor público
Bandeira ajudou a montar a área de tecnologia da informação da Fazenda, o que rendeu um convite para assessorar o presidente da CEEE, Vicente Rauber, no governo de Olívio Dutra. Trabalhou com a então secretária de Minas, Energia e Comunicação Dilma Rousseff no projeto da Infovia RS.
Em 2002, foi o primeiro aluno oriundo do setor público a ganhar uma bolsa da Fundação Estudar para fazer um MBA em Wharton, na Universidade da Pensilvânia, considerada a melhor escola de finanças do mundo. Os estudos e o contato com os fundadores da Estudar, Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, fizeram dele um gestor público focado na redução de custos.
Bandeira recebeu convites de empresas privadas, mas optou pelo convite de Marcos Lisboa para atuar no Ministério da Fazenda na gestão de Antonio Palocci. Em 2005, o senador Aloizio Mercadante levou Bandeira para sua assessoria econômica. Quando Yeda assumiu o governo, aceitou convite de Aod para voltar ao Estado.
– Foi o maior desafio profissional da minha vida – diz Bandeira.
Ele assumiu como diretor do Tesouro do Estado com o mais baixo nível de investimento entre todos no país, a maior despesa com pessoal, os maiores gastos com inativos e o maior endividamento de sua história. Para alcançar o equilíbrio financeiro e dar capacidade de investimento ao Rio Grande do Sul, foi preciso implementar um profundo corte nos gastos públicos, de mais de R$ 300 milhões.
A volta ao Estado depois de várias experiências em administrações do PT (partido ao qual foi filiado) fez com que muitos membros do governo questionassem Yeda sobre estar dando a chave do cofre a um petista.
– O engraçado é que, pelas minhas ideias, quando estava em Brasília perguntavam aos petistas o que um tucano estava fazendo no governo – conta.
Hoje, Bandeira não é filiado a partido e garante não ter ambição política. Sobre seu futuro, ainda não definiu:
– Fico no setor público enquanto eu tiver desafios.
Quem é
Breve perfil de Mateus Bandeira, novo presidente do Banrisul:
> Nascimento: 7/6/1969, em Pelotas
> Família: casado com Daniela, não tem filhos
> Formação: graduado em informática pela Universidade Católica de Pelotas, fez MBA com ênfase em finanças e políticas públicas na Wharton School, escola de negócios da Universidade da Pensilvânia
> Esporte: karatê
> Time: Brasil de Pelotas
> Livro: O Verdadeiro Poder – Práticas de Gestão que Conduzem a Resultados Revolucionários, do consultor Vicente Falconi, um dos mais conceiturados do país
> Gurus: Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, trio de investidores que catapultou a Ambev