Financial Times
Norma Cohen e Brooke Masters
Os líderes dos três maiores países da Europa, Reino Unido, França e Alemanha, sinalizaram ontem que estão mais próximos de chegar a um acordo geral sobre o polêmico tema das gratificações dos executivos de bancos, em antecipação ao encontro de ministros das Finanças do G-20, que acontecerá em Londres, neste fim de semana. Numa carta divulgada ontem, Gordon Brown, do Reino Unido, Angela Merkel, da Alemanha e Nicolas Sarkozy, da França, usaram sua influência para apoiar princípios amplos que vinculam o tamanho das gratificações à remuneração fixa e ao desempenho dos bancos por longos períodos de tempo.
Eles também se posicionaram a favor do diferimento de prêmios e de restituições em caso de resultados negativos.
Numa situação que aparentou ser um reconhecimento da existência de divergências pendentes entre si, eles concordaram em “explorar formas de limitar a remuneração variável total num banco, seja como uma certa proporção da remuneração total ou das receitas e/ou lucros dos bancos”.
Uma proposta francesa para estipular um limite superior de gratificações num certo percentual dos lucros tem se mostrado extremamente controversa e foi combatida pelo Reino Unido. A carta silencia sobre o tema dos impostos direcionados para gratificações fora do comum, outro significativo tema controvertido.
A carta também sugere que instituições financeiras que não obedecem as orientações do G-20 a respeito de atividades comerciais arriscadas não deveriam receber autorizações para atuar nos países membros do G-20.
O publico, disse a carta, está indignado com a velocidade na qual os bancos parecem ter retornado às suas práticas anteriores. “Nossos cidadãos estão profundamente chocados com o ressurgimento de práticas repreensíveis, apesar de o dinheiro dos contribuintes ter sido mobilizado para apoiar o setor financeiro no auge da crise”, disse a carta. Ela também determinou áreas estratégicas nas quais os maiores países membros da Europa concordam que deverão preencher a agenda do G-20, tanto entre seus ministros das Finanças como no encontro de chefes de Estado, que acontecerá no fim deste mês em Pittsburgh.
Em particular, os líderes da UE estão tentando impor um aumento nas exigências de capital para atividades que possam representar um risco à estabilidade financeira, e regras para lidar com problemas de risco moral representadas por instituições “sistemicamente relevantes”, por meio de supervisão mais rigorosa.
Eles também procuram um “mapa do caminho para a necessária reforma da governança e da representação no Fundo Monetário Internacional, que deverá ser completada em janeiro de 2011, e do Banco Mundial, que deverá ser completada na primavera [setentrional] de 2010”.