Financial Times
Haig Simonian, de Zurique
O Credit Suisse surpreendeu os mercados financeiros ao revelar que espera pagar às autoridades dos Estados Unidos cerca de US$ 536 milhões para dirimir temas relacionados com transações financeiras com o Irã.
O banco suíço, que havia conquistado uma reputação de evitar acidentes durante a crise do crédito, negou-se a fornecer detalhes além do conteúdo de um breve comunicado à imprensa.
No seu comunicado, o Credit Suisse disse que as negociações estão relacionadas com “pagamentos em dólares dos EUA durante o período de 2002 a abril de 2007 envolvendo partes que estão sujeitas às sanções econômicas dos EUA”.
O acordo, para o qual já foram feitos alguns provisionamentos, deverá exigir um encargo adicional de 445 milhões de francos suíços (? 294 milhões) antes de impostos no quarto trimestre, equivalente a um impacto líquido de 360 milhões de francos suíços no período.
O banco não quis indicar quando avalia que suas negociações, envolvendo cinco órgãos públicos dos EUA, incluindo a Promotoria Pública do Distrito de Manhattan, o departamento (ministério) da Justiça dos EUA e o Federal Reserve (banco central), seriam concluídas.
As autoridades indicaram, porém, que o comunicado surpresa teria sido provocado por um vazamento. As investigações de órgãos dos EUA em torno do Credit Suisse haviam sido divulgadas anteriormente, mas em grande medida passaram despercebidas no auge da crise.
As autoridades dos EUA estariam investigando nove bancos em conexão com o Irã. O Lloyds Banking Group do Reino Unido já teria chegado a um acerto de US$ 350 milhões.
O Credit Suisse ressaltou que havia decidido encerrar seus vínculos comerciais com o Irã em dezembro de 2005. O grupo, no entanto, só no ano seguinte fechou o seu escritório de representação em Teerã e encerrou todas as suas atividades comerciais com as partes sancionadas pelo Órgão de Controle de Ativos Estrangeiros, o organismo dos EUA envolvido no monitoramento de atividades comerciais com países, entidades ou pessoas sujeitas a sanções econômicas dos EUA.