Professor expõe raízes históricas da discriminação racial no Brasil

Amauri Mendes Pereira: racismo tem origem histórica e institucional

O professor do curso de História da África e do Negro no Brasil e doutor em Ciências Sociais, professor Amauri Mendes Pereira, foi o terceiro e último palestrante do primeiro dia do II Fórum Nacional pela Visibilidade Negra no Sistema Financeiro, que iniciou nesta quarta-feira (13) no Hotel São Francisco, no Rio de Janeiro.

Amauri disse que a discriminação racial e o genocídio de jovens negros nas favelas apresentados pela psicóloga Raquel Willadino possuem origens históricas e institucionais que explicam a desigualdade brasileira.

Ele disse que, no país, se estabeleceu um campo de poder racista, representado nos poderes constituídos e no meio acadêmico e científico. Citou vários exemplos de renomados pensadores brasileiros considerados como referência pela academia que eram racistas, como o historiador e sociólogo Francisco José de Oliveira Viana, um dos ideólogos da tese da “eugenia racial” no Brasil.

A eugenia é um termo criado em 1883 por Francis Galton (1822-1911), que significa “bem nascido”. A teoria é um estudo dos agentes sob o controle social que podem melhorar ou empobrecer as qualidades raciais das futuras gerações seja física ou mentalmente.

A teoria deu origem a eugenia nazista, que veio a ser parte fundamental da ideologia de pureza racial, que culminou no Holocausto.

Imigração e branqueamento

Amauri disse ainda que o processo de imigração no Brasil foi um projeto de branqueamento da sociedade brasileira. “O decreto 528, de 1890, permite a entrada de indivíduos aptos para o trabalho, exceto indígenas da Ásia e da África”, explica.

O professor defendeu as ações afirmativas promovidas pelo governo federal, como a política de cotas, e elogiou a Lei 10.639/03 (alterada pela Lei 11.645/08), que torna obrigatório o ensino de história e cultura afro-brasileira e africana em todas as escolas públicas e particulares do ensino fundamental e médio.

“Esta lei representa uma revolução cultural no país, mas tem enfrentado reações contrárias de professores que se negam a incluir a história dos negros no currículo”, disse. Ele destacou ainda que o meio acadêmico não trata a questão racial com a relevância que merece.

Pela visibilidade negra

O II Fórum Nacional, que integra a programação do mês da consciência negra, é uma promoção conjunta da Contraf-CUT, Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro e Fetraf RJ-ES.

O evento termina nesta quinta-feira (14) e conta com transmissão ao vivo pela equipe de imprensa do Sindicato dos Bancários de Brasília.

Clique aqui para assistir à transmissão ao vivo.

A programação estabelece uma mesa de debates sobre “Aspectos Conceituais e Políticos das Ações Afirmativas no Brasil: Avanços e Lacunas”.

Também será realizada uma roda de conversa com a participação da Contraf-CUT, Dieese, CUT Nacional, Unegro-RJ e Fenaban sobre “Os desafios das políticas antirracistas no sistema financeiro, a transversalidade e as negociações coletivas”.

Ao final, será feita uma repactuação da Carta de Compromisso das Entidades.

Compartilhe:

Compartilhar no facebook
Facebook
Compartilhar no twitter
Twitter
Compartilhar no whatsapp
WhatsApp
Compartilhar no telegram
Telegram