Fetec/CUT-CN realiza Conferência Regional e prepara Campanha Nacional

Brasília sediou na quarta-feira, dia 30 de junho, a Conferência Regional promovida pela Fetec/CUT-Centro Norte. Dirigentes da federação e representantes dos sindicatos filiados do Acre, Barra do Garças-MT, Brasília, Dourados-MS, Mato Grosso, Roraima, Rondonópolis-MT, Rondônia, Pará-Amapá e representantes da Oposição Bancária de Manaus-AM participaram dos debates.

Eles debateram e definiram as posições regionais sobre quatro temas: Sistema Financeiro, Remuneração, Emprego, Saúde e Segurança Bancária, que serão levadas para a 12ª Conferência Nacional dos Bancários, a ser realizada no Rio de Janeiro de 23 a 25 julho e que aprovará a estratégia e a pauta de reivindicações da Campanha Nacional 2010.

O evento foi aberto com uma análise de conjuntura realizada pelo presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro, que também foi um dos palestrantes da Conferência Regional tratando dos temas Sistema Financeiro e Remuneração. O dirigente criticou a concentração do Sistema Financeiro, que possui cerca de 180 instituições, e que a maioria delas estão nas mãos de cinco ou seis bancos.

Citando o Artigo 192 da Constituição Federal, Carlos Cordeiro questionou o papel desempenhado pelos bancos no país. “Será que o Sistema Financeiro que conhecemos tem servido aos interesses da coletividade?”. Ele destacou a importância do papel do crédito no desenvolvimento do país e exemplificou relembrando a importância que os bancos públicos tiveram na retomada do crescimento do Brasil, durante a crise mundial, onde os bancos privados, em sua maioria, não cumpriram essa função de financiar o desenvolvimento.

O presidente da Contraf-CUT discorreu ainda sobre a formação atual do Conselho Monetário Nacional (CMN) e da necessidade de alteração na sua formação.

Cordeiro ressaltou os problemas e prejuízos para o trabalhador que a remuneração indireta e variável vem trazendo aos trabalhadores que se vêem forçados a não se aposentarem para não terem seus salários rebaixados. Citando o Mapa da Diversidade, ele disse que fica evidente a discriminação sofrida pelas mulheres, que representam 48,4% do setor e 50% nos bancos privados e recebem em média 78,6% dos salários dos homens.

Outra injustiça envolve a questão racial. “Nesse caso se dá tanto na maior dificuldade de acesso ao trabalho nos bancos quanto na remuneração”, avaliou Carlos Cordeiro.

O Secretário de Finanças da Contraf-CUT, Roberto Von Der Osten, analisou os temas Emprego, Segurança Bancária e Saúde do Trabalhador. Relembrando as antigas máquinas e equipamentos utilizados pelos bancários, ele exemplificou o quanto o sistema se modernizou, investindo em novas tecnologias e equipamentos, mas observou que essas melhorias não afetaram os trabalhadores, que continuam sofrendo com o excesso de trabalho.

“Agora, o bancário passou a cumprir sua jornada laboral também em casa ou em visitas externas para cumprir metas e que esse excesso de trabalho tem provocado o adoecimento dos trabalhadores”, denunciou Roberto. Ele cobrou a ratificação da Convenção 158 da OIT para garantir mais segurança aos trabalhadores, uma vez que, se for aprovada no Brasil, só poderão ser demitidos em massa com justificação da empresa de que essas demissões são realmente necessárias para a sobrevivência da instituição.

O dirigente da Contraf-CUT criticou a alta rotatividade dos trabalhadores, que sofrem com as demissões mesmo durante um período de lucros. Ele frisou que o Sistema Financeiro Privado vem na contra-mão da história da economia brasileira, pois não acompanhou a geração de empregos de outros setores da economia, apesar dos grande lucros.

Outro dado que chama a atenção, segundo Roberto, é que existem no setor privado mais bancários mortos do que aposentados, o que reflete o alto número de demissões que as empresas fazem para diminuir a folha de pagamento.

Outro destaque negativo é o crescimento da violência, motivada dentre outras coisas, pela falta de políticas públicas, pela exclusão social, pela precariedade da segurança pública e pelo descaso dos bancos em não ampliar investimentos para melhorar as condições de segurança dos estabelecimentos e os efeitos que a sensação de medo, insegurança e de risco de vida provoca na saúde física e mental dos trabalhadores.

A assessora jurídica da Contraf-CUT, Deborah Blanco discorreu sobre algumas cláusulas da CCT (Convenção Coletiva de Trabalho) e alertou os trabalhadores sobre os ataques e consequências que possíveis alterações nessas cláusulas trarão para o conjunto dos trabalhadores.

Ela disse que com freqüência as Cláusulas 21ª – Vale Transporte, Cláusula 24ª – Estabilidade Provisória no Emprego, Cláusula 17ª – Auxílio-Creche/Auxílio Babá são questionadas pelos representantes patronais.

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