Sob pressão, cai spread do Itaú, Bradesco e Santander no primeiro trimestre

Carolina Mandl e Karin Sato
Valor Econômico

Um ano depois do início da empreitada da presidente Dilma Rousseff para reduzir os juros cobrados pelos bancos, não há como negar que o saldo foi positivo para o governo. Em menor ou maior grau, o spread dos três maiores bancos privados – Itaú Unibanco, Bradesco e Santander – caiu, puxado por Caixa e Banco do Brasil.

Um sinal evidente do impacto dos spreads mais baixos é a redução nos ganhos com intermediação financeira. Mesmo com a expansão do crédito ao longo do ano, a chamada margem financeira do trio somou R$ 29,9 bilhões no primeiro trimestre de 2013, cifra 6,6% menor do que em igual período de 2012.

Esse foi o fator que mais impediu uma expansão vigorosa do lucro de Itaú Unibanco (1,3%) e Bradesco (4,5%), na comparação com o primeiro trimestre do ano passado. No caso do Santander, houve uma queda de 29,6%.

Mas não foi só a pressão do governo que pesou para a retração dos spreads. Mudança no mix de crédito para linhas de empréstimos menos arriscadas e Selic mais baixa do que um ano atrás também contribuíram para isso.

É uma tendência que nem analistas nem banqueiros enxergam como reversível daqui para a frente. Durante teleconferência, o Bradesco já sinalizou a investidores que até o fim de 2013 seu spread ainda cairá mais. Em um ano, o spread de crédito do banco caiu 0,7 ponto percentual, para 10,3%.

O vilão do Bradesco foi o cartão de crédito. No fim de 2012, o banco reduziu os juros mensais cobrados na linha rotativa de 14,9% para 6,9%. Segundo estimativas de Luiz Carlos Angelotti, diretor de relações com investidores do Bradesco, a medida pode ter um impacto negativo em seu lucro líquido deste ano em torno de 2% e 3%.

É com volumes maiores de operações que o Bradesco pretende incrementar no futuro o spread mais baixo, estratégia similar àquela propagada pelos bancos públicos.

No Itaú, além da pressão por crédito mais barato, o banco está mudando a composição do portfólio de crédito. Operações mais arriscadas, como o financiamento de veículos, cedem lugar a linhas com garantia, como o crédito imobiliário e o consignado. Em boa parte, isso determinou a queda de 1,8 ponto percentual do spread de crédito em 12 meses, para 11,6%.

“A compressão sobre as margens deve continuar, mas as despesas com provisões vão compensar esse declínio”, disse Rogério Calderón, diretor de controladoria do Itaú, em entrevista a jornalistas. Daqui para a frente é com a queda da inadimplência que o banco pretende compensar o spread menor.

O Santander também vem mudando o mix da carteira. Marcial Portela, presidente do banco, ressaltou que o rotativo, de margens mais altas, vem cedendo espaço a outros tipos de empréstimo. O spread do banco ficou em 11,3%, ou 1,1 ponto percentual menor do que um ano antes.

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