Trabalhadores cobram proposta decente dos bancos
Os bancários deram mais uma demonstração de que estão prontos para dar um passo decisivo na Campanha Nacional 2014. No final da tarde desta quinta-feira (18), o tradicional Passeatão dos Bancários deu um recado bem claro aos banqueiros e à população nas ruas do Centro de Porto Alegre.
Durante a manifestação, os bancários avisaram que estão mobilizados e prontos para construir a greve a partir da semana que vem, caso não haja valorização da categoria. Nesta sexta-feira (19), a partir das 10h, a Fenaban deve apresentar a proposta econômica ao Comando Nacional, incluindo o índice de reajuste e a PLR.
Este ano, os banqueiros elegeram a enrolação como estratégia para ganhar tempo nas mesas de negociação. Os debates se estendem por muitas horas e não há compromisso claro de atendimento da pauta de reivindicações. Outro elemento em jogo nesta campanha é a pauta da ameaça de retirada de direitos que apareceu na campanha eleitoral.
Em uma das faixas de uma das alas do Passeatão, o bom humor exaltava o repúdio à participação dos banqueiros na construção de uma ideologia política e de um programa político para o país. “Itaú Exploralité – Para os banqueiros, tudo. Para os bancários, NECA”, uma alusão à coordenadora de campanha da candidata Marina Silva, Neca Setúbal herdeira do Itaú.
O programa de governo da candidata defende abertamente a terceirização como forma de aumentar a rentabilidade das empresas. Os bancários repudiam essa visão, pois a terceirização é pauta recorrente no ataque dos banqueiros à categoria. Além disso, Marina fala em independência do Banco Central e em “atualização” da CLT, o que prejudica os trabalhadores e a sociedade.
Recados aos bancos
“Tem uma moda nas mesas de negociação. Os banqueiros só querem conversar, conversar, conversar. Parecem até um candidato que chama todo mundo para a conversa, mas que não tem nada para dizer. É muita conversa nas mesas de negociação e nenhuma proposta. Dos bancos, não podemos esperar muito. Se eles só querem conversar, nós saberemos responder com greve”, avisou o diretor da Fetrafi-RS, Juberlei Bacelo.
O presidente do SindBancários, Everton Gimenis, lembrou que as negociações nacionais se iniciaram há um mês e até agora não houve avanços. “Se nessa rodada de negociação com os banqueiros da Fenaban, não vier uma proposta decente de reajuste, nós vamos marcar a data da nossa greve. Não nos resta outra alternativa a não ser a greve”, anunciou.
Os bancários do Banrisul cumpriram todo o ritual para construir a pauta específica e entregá-la à direção do banco. Assembleias de trabalhadores, debates e a construção da minuta de proposta de reivindicações específicas culminaram com a entrega de um documento em 15 de agosto.
Somente quase um mês depois, em 11 de setembro, a diretoria do Banrisul aceitou negociar. “Estamos numa Campanha Nacional onde buscamos dialogar sobre o papel do sistema financeiro, sobre as taxas bancárias que pagamos. Viemos aqui hoje dar um recado à população de Porto Alegre e dar um aviso à diretoria do Banrisul que rompeu as negociações e tenta retirar direitos: se não houver uma proposta decente, vamos intensificar as nossas atividades e vamos parar”, avisou o secretário de Assuntos Socioeconômicos da Contraf-CUT e funcionário do Banrisul, Antônio Pirotti.
Solidariedade
Os bancários não estão sozinhos na caminhada pela conquista de mais direitos. O presidente estadual da CUT, Claudir Nespolo, disse ao final do Passeatão que a luta da categoria tem o apoio de várias outras categorias de trabalhadores.
“Os bancários cumprem uma função fundamental na sociedade, e os donos dos bancos não atendem e não valorizam os trabalhadores como deveriam. A CUT tem acompanhado a luta dos bancários há muitos anos. Não faltará apoio, solidariedade de todos os trabalhadores que nós representamos para ajudar os bancários a lutar contra os bancos”, disse Claudir.