Participação do Bank of America Merrill Lynch no Itaú será mantida, diz matriz

Valor Econômico
De São Paulo

O Bank of America Merrill Lynch quer crescer sua franquia própria no país, mas não pretende se desfazer da participação no Itaú, segundo assegura Brian J. Brille, diretor-gerente responsável pela área de banco de investimento e corporate das Américas.

Segundo ele, é uma estratégia atual do Bank of America adquirir e manter participações estratégicas minoritárias em bancos líderes no crédito ao consumidor em mercados emergentes-chave e manter essas participações concomitantemente com o crescimento do banco de atacado controlado 100% pela matriz. “Nossa participação no Itaú é um desses investimentos estratégicos e não há qualquer plano de mudar isso”, afirma. A razão para a política é buscar participar do varejo nesses países emergentes principais, como Brasil e China, mas não começar do zero, visto que as barreiras de entrada em mercados desse tamanho são grandes demais.

Segundo ele, desta vez o Bank of America está preparado para focar sua estratégia na internacionalização, diferentemente do que aconteceu nas duas vezes anteriores, quando o banco vendeu seus atividades no Brasil. “A franquia global da Merrill Lynch foi uma razão principal do interesse do Bank of America na sua aquisição”, afirmou, em entrevista ao Valor por telefone.

Em 2001, o Bank of America deixou o país pela primeira vez depois de herdar negócios problemáticos do Nations (que se fundiu com o banco em 1998) e de disputas com ex-sócios do Liberal envolvendo acusações de desvio de recursos em paraísos fiscais. Em 2004, o Bank of America comprou o americano Fleet e, com isso, assumiu um banco de porte no Brasil, o BankBoston. Dois anos depois, em 2006, entretanto, o banco resolveu deixar o país pela segunda vez e vendeu as operações do Boston na América Latina ao Itaú, mesmo depois dos executivos afirmarem que o Brasil era prioritário. Em contrapartida, assumiu a fatia acionária no Itaú.

Agora, insiste Brille, é diferente. Antes, o Bank of America estava focado em construir sua franquia nos Estados Unidos e se tornar um banco nacional, aproveitando a mudança de regras no mercado americano que passou a permitir esse tipo de instituição. A compra do Fleet, do LaSalle, do MBNA e de outros negócios tinha esse objetivo, diz.

Hoje, o Bank of America já é o maior banco americano em ativos, com um total de US$ 2,3 trilhões em seu balanço, e tem pouco espaço para crescer nos Estados Unidos, um mercado em retração. A lógica é a expansão em países emergentes com melhores perspectivas econômicas e bancos mais saudáveis.

Nem a participação do governo americano no capital do Bank of America Merrill Lynch é um empecilho para isso, afirma Brille. “O governo americano tem interesse que nós sejamos fortes e grandes e diversificados e dessa forma eu acho que o interesse deles é consistente com nossa estratégia de ser uma companhia forte e global”, argumenta. E mais: “a habilidade de atuar no mercado brasileiro e servir as empresas globais situadas no Brasil nos coloca em melhor posição para servir também as companhias nos Estados Unidos.”

Segundo ele, o Bank of America adota o modelo de integrar o banco de investimento com o banco corporate nos Estados Unidos e no México e pretende fazer o mesmo no Brasil.

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