O Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro enviou ao presidente do Itaú Unibanco, Roberto Setúbal, carta em protesto à política de demissões em massa da empresa. Na terça-feira (12), seis funcionários foram demitidos no prédio da Rio Branco, 123. No mesmo dia os bancários realizaram novo protesto em frente à unidade. Desde janeiro, já são mais de quatro mil trabalhadores dispensados. No Rio, a média é de um bancário demitido a cada duas horas.
Veja a carta na íntegra:
Exmo. Sr.
A “lição de casa” que Vossa Senhoria prometeu aos acionistas do Itaú Unibanco, ou seja, os cortes de custos concentrados na redução do quadro de pessoal é a mais viva expressão do saudosismo que a elite brasileira nutre pela escravidão.
A prática cultural da mentira e da desfaçatez faz de pessoas como Vossa Senhoria os personagens mais presunçosos dessa elite. Nas demissões de hoje, o triste bordão do passado: “Empregado precisa de salário para quê?”.
Seus porta-vozes alegam que estão revendo negócios, processos e gastos, para buscar mais eficiência, mas que não querem demitir. Dizem também que vão criar novas vagas. Vê-se que aqui, sim, os executivos estão fazendo a “lição de casa” – também mentir. As demissões seguem um curso quase torrencial, todos os dias, em todas as praças.
A fusão Itaú Unibanco pressupõe uma estratégia de expansão. Também nesse caso é preciso levar em conta a importância do binômio emprego e renda, uma lição que o presidente Lula ensinou ao mundo na crise financeira de 2008. A lógica de tratar os trabalhadores como “laranjas”, peças descartáveis, só é possível porque o Congresso Nacional ainda não votou a nova adesão do Brasil à Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que inibe as demissões imotivadas, injustificáveis, especialmente considerando a lucratividade do Itaú Unibanco – R$3,35 bilhões no primeiro trimestre deste ano; e R$13,3 bilhões, ao longo de 2010.
Queremos expressar toda a nossa repulsa à iniciativa demissionária de Vossa Senhoria e exigir respeito aos trabalhadores, que constroem a riqueza do império dos Setúbal/Salles. Sua política de recursos humanos, cruel e destruidora, contradiz por completo os princípios de sustentabilidade, em que se baseou o prêmio recentemente auferido pelo Itaú Unibanco.
Demitir, tornando mais agudos os problemas administrativos que o banco enfrenta depois da fusão, é, sobretudo, um desrespeito à clientela, demonstrando despreocupação da empresa em relação à qualidade dos serviços que oferece.
Quanto aos bancários, além de conviverem há tempos com a pressão por metas absurdas, convivem, agora, com a imagem tenebrosa do desemprego criada pelo presidente da empresa.
Mas saiba Vossa Senhoria que os trabalhadores do Itaú Unibanco darão uma resposta à altura.
A diretoria
Sindicato dos Bancários do Rio