Funcionária foi descomissionada sem qualquer justificativa
O vídeo-denúncia produzido pelo Sindicato dos Bancários da Paraíba, abordando o descomissionamento imotivado de Roseli Rodrigues da gerência da Gepes, em João Pessoa, exibido na abertura da 15ª Conferência Nacional dos Bancários, na sexta-feira (19), em São Paulo, recebeu destaque do psicólogo Roberto Heloani, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que falou sobre o adoecimento da categoria, no painel ‘Saúde e condições de trabalho’.
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Heloani abordou o vídeo do Sindicato com o depoimento de uma funcionária do Banco do Brasil, destituída da comissão depois de 18 anos comissionada, nos 26 anos de dedicação à empresa. “A pessoa sacrifica sua vida pessoal, seus entes queridos por amor à empresa e se sente traída quando não vê o reconhecimento do seu trabalho. A traição é uma das formas mais efetivas de sofrimento e causa adoecimento, como a depressão”, explicou o psicólogo.
Segundo ele, o descomissionamento de um funcionário dedicado causa medo a todos na empresa e transforma o ambiente de trabalho em um local ideal para a prática do assédio moral, já que todos sentem que podem ser os próximos descomissionados. “É dever do empregador cuidar do bem-estar de seus colaboradores, mas para os bancos é comum banalizar algumas práticas abusivas, com insultos, processos de avaliação sem critérios, além disso, vale qualquer coisa para atingir a meta”, criticou.
Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT, parabenizou a bancária Roseli Rodrigues pela coragem de fazer a denúncia e o Sindicato dos Bancários da Paraíba por acolher a denunciante e promover a divulgação do abuso cometido pela direção do BB.
“Mais de 800 bancários assistiram extasiados à grave denúncia dessa prática nefasta que já se tornou corriqueira no Banco do Brasil, um banco público, que deveria dar o bom exemplo. O BB que se diz bom para todos deveria agir com ética, valorizar o funcionário e acabar com o assédio moral e a perseguição aos trabalhadores que buscam os seus direitos”, arrematou Carlão.
Para Walcir Previtale, secretário de Saúde do Trabalhador da Contraf-CUT, o depoimento de Roseli reflete justamente o que acontece hoje no sistema financeiro, onde a perseguição e o desrespeito são uma constante na vida dos trabalhadores.
“Apesar de a denunciante ser de um banco público, o seu relato serve de alerta também para os trabalhadores das instituições financeiras privadas. O vídeo produzido pelo Sindicato da Paraíba mostra muito bem essa questão do assédio moral e merece ser divulgado para todo o país. Portanto, vamos disponibilizar esse depoimento bombástico na página da Contraf-CUT na internet para motivar a manifestação daqueles trabalhadores que também sofreram ou sofrem esse tipo de abuso”, argumentou Walcir Previtale.
O presidente do Sindicato, Marcos Henriques, afirmou que o momento não poderia ser mais oportuno do que a 15ª Conferência Nacional, o fórum maior de deliberação da categoria, para denunciar os absurdos cometidos pela direção do Banco do Brasil, inclusive já denunciados até à presidenta Dilma Rousseff. E concluiu parafraseando Roseli Rodrigues: “O Banco do Brasil só será realmente BOM PARA TODOS quando praticar o seu discurso”.