Delegados sindicais do BB de Brasília debatem estratégias para a Campanha

Diante dos fortes indícios de que a Campanha Nacional dos Bancários 2011 será uma das mais duras e difíceis dos últimos anos, o Sindicato dos Bancários de Brasília vem reforçando os encontros – realizados desde o início do ano – com a categoria. E foi o que aconteceu mais uma vez na manhã da quarta-feira (31). Reunidos na sede do Sindicato, aproximadamente 100 delegados sindicais do BB participaram de debate ampliado realizado pelos dirigentes sindicais com vistas à consolidação das estratégias de mobilização para este ano.

Ao fazer uma retrospectiva das conquistas dos bancários do BB a partir de 2003, o secretário de Assuntos Jurídicos do Sindicato e funcionário do banco, Rafael Zanon, destacou que a forte mobilização rendeu bons frutos à categoria. “As greves trouxeram conquistas importantes. Entramos com um patamar e saímos com outro”, afirmou, enumerando, uma a uma, as vitórias do funcionalismo.

“Há oito anos, depois de intensa mobilização dos trabalhadores e das negociações ampliadas dos sindicatos, conseguimos o ponto eletrônico aos comissionados, o fim do banco de horas, além das conquistas de igualdade de direitos para os contratados após 1998: cinco faltas abonadas, PAS (Programa de Assistência Social) odontológico, PAS aquisição de óculos e licença para acompanhar enfermos na família”, observou Zanon.

A retrospectiva das conquistas, também apresentada em parte das 90 reuniões realizadas pelo Sindicato nas agências e dependências do BB, inclui ainda a escala de férias, cinco dias de liberação para dirigentes sindicais não cedidos, representante sindical de base (delegado sindical), comitê paritário de relações de relações da saúde, fim da restrição da atividade sindical, implantação dos comitês de ética contra o assédio moral, plano odontológico, carreira de mérito, aumento no piso salarial e no Plano de Cargos e Salários, melhoria na participação dos lucros e aumento real para os comissionados.

Depende de todos nós

As dezenas de reuniões realizadas pelo Sindicato desde o início do ano fazem parte de uma campanha permanente com os bancários. “Apesar de os encontros serem intensificados durante a Campanha Nacional, o Sindicato iniciou as reuniões nos locais de trabalho logo depois do encerramento da campanha de 2010”, lembrou Zanon.

Em 2004, outras cláusulas de igualdade de direitos foram conquistadas para os funcionários contratados após 1998: PAS Programa de Apoio ao Fumante, PAS catástrofe natural, PAS incêndio residencial, PAS funeral de dependente econômico, PAS desequilíbrio financeiro e PAS tratamento psicoterápico.

O ano de 2005 foi marcado pela conquista da 13ª cesta-alimentação, do auxílio-funeral, da ampliação de três para cinco dias na licença para casamento e da ampliação de dois para quatro dias na ausência por luto.

Na campanha de 2006, os bancários obtiveram duas ausências anuais para levar filho ao médico e outras importantes conquistas aos funcionários pós 1998: PAS deslocamento para tratamento de saúde no exterior, PAS remoção em UTI móvel ou táxi aéreo, PAS enfermagem especial e PAS doação/recepção de órgãos.

Já em 2007, o destaque ficou para a incorporação da parcela fixa de R$ 30,00 na carreira da antiguidade. “Naquele ano, ainda conquistamos para os pós 1998 os adiantamentos de férias, de cobrança de consignações em atraso e para restituição das vantagens por remoção”, frisou Jeferson Meira, diretor do Sindicato e funcionário do BB.

A luta não é só do Sindicato, é de todos os bancários. “Novas conquistas dependem de você, bancário. Participem das atividades organizadas pelo Sindicato na luta por um emprego decente”, salientou Meira.

Luta contra a privatização

Dando continuidade à série histórica iniciada em 2003, os bancários conquistaram, em 2008, novas cláusulas de igualdade de direitos, tais como ausência de falecimento para familiares, aumento da licença-casamento para oito dias corridos, licença para participação em evento esportivo, entre outras. “Com o apoio do Sindicato, a categoria avançou de forma a praticamente igualar os direitos dos novos com o dos antigos funcionários”, salientou Zanon.

Em 2009, a Campanha culminou com a conquista do parcelamento e antecipação de férias para funcionários com mais de 50 anos, combate ao assédio moral com os comitês de ética, adesão ao programa de pró-equidade de gênero, contratação de mais de 10 mil funcionários, além de duas novas cláusulas de igualdade de direitos: possibilidade de acumular faltas abonadas e converter em espécie as faltas abonadas.

Conquistados graças à ação do Ministério Público do Trabalho (MPT) com o apoio do Sindicato dos Bancários de Brasília, os comitês de ética têm chamado atenção de trabalhadores de outros países. “Sindicatos do mundo inteiro querem saber como conquistamos”, citou Zanon, ao reconhecer que os comitês precisam ser melhorados. “É claro que necessita de ajustes. Mas o primeiro passo foi dado”, acrescentou.

Além das conquistas, Zanon elencou as medidas adotadas durante os oito anos do governo Fernando Henrique Cardoso (FHC) contra o funcionalismo do BB: política de arrocho salarial (reajuste zero), plano de demissões, tentativa de privatização, entre outras. “Os novos funcionários do banco só estão aí porque conseguimos evitar que o BB fosse vendido”, observou.

Campanha Nacional 2011

Histórica, a Campanha Nacional 2010 foi uma das maiores e melhores já realizadas pelos bancários. A grande adesão à greve arrancou a proteção dos funcionários em cargos comissionados, a implantação do plano odontológico e a carreira de mérito.

“Quem ingressou no BB recentemente pode achar que todas essas conquistas são benesses do banco. Pelo contrário, tudo isso foi fruto de muita mobilização e esforço do funcionalismo, que não se intimidou com a herança maldita deixada por FHC e companhia. Corremos atrás do prejuízo e avançamos significativamente durante os oito anos do governo Lula. É claro que ainda existem reivindicações a serem conquistadas. Por isso, aguardamos todos os funcionários do BB na Campanha Nacional 2011”, convida o presidente do Sindicato, Rodrigo Britto, também funcionário do BB.

6 horas

Prioridade, a luta pela redução da jornada de trabalho sem redução de salário terá destaque na Campanha deste ano em Brasília. Mais uma vez, o Sindicato insiste na mobilização para a conquista das 6 horas. “Se os comissionados aderirem em massa às decisões das assembleias, nossa vitória ficará mais próxima”, previu Zanon.

Correspondentes bancários

Extremamente importante, o assunto também foi debatido pelos diretores do Sindicato e pelos delegados sindicais. Representantes dos trabalhadores denunciaram que os correspondentes já estão atuando dentro das agências bancárias. Em resposta, o Sindicato afirmou que está preparando uma série de ações para reverter a terceirização fraudulenta praticada pelos bancos. “Não somos contra os correspondentes bancários. Mas queremos impor limites nessa relação precária de trabalho que reduz a massa salarial e prejudica o atendimento aos clientes e usuários”, disse Jéferson Meira.

Cenário econômico favorável à Campanha, apesar do discurso do governo

Em minuciosa análise sobre a conjuntura econômica, o técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) Pedro Tupinambá desconstruiu o discurso de que o aumento dos salários dos trabalhadores gera inflação de demanda. “Pelo contrário, o aquecimento da economia interna é que vai fortalecer o Brasil contra a crise”, justificou ele, ao lembrar que a atual crise financeira internacional é uma continuação da de 2008.

Na avaliação de Tupinambá, o lucro de mais de R$ 26 bilhões alcançado pelos seis maiores bancos brasileiros no primeiro semestre de 2011 mostra que o setor tem condições de atender as reivindicações dos bancários. “Dinheiro não falta”, enfatizou, citando que o montante é 28% superior ao resultado obtido pelas mesmas seis instituições financeiras no mesmo período do ano passado, “que já foi extraordinário”, acrescentou.

Apesar de admitir que o Brasil não está imune à crise financeira internacional, o técnico do Dieese lembrou que o governo central (Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central) registrou saldo de R$ 66,9 bilhões nos sete primeiros meses de 2011. O valor corresponde a 81,8% da meta para todo o ano, que é de R$ 81,7 bilhões, segundo divulgação do Banco Central na sexta-feira (26).

O ajuste fiscal de R$ 53 bilhões promovido pela presidenta Dilma Rousseff logo no início do seu governo foi outro argumento citado por Tupinambá que favorece à Campanha Nacional dos Bancários. “Sem falar nas reservas internacionais que atingiram patamar recorde em agosto deste ano”, afirmou.

De acordo com o Banco Central, as reservas internacionais do Brasil alcançaram o patamar recorde de US$ 350,9 bilhões em 10 de agosto. O Brasil é o sexto país com o maior nível de reservas, atrás da China, Japão, Rússia, Arábia Saudita e Taiwan, segundo dados do Fundo Monetário Internacional (FMI) e dos bancos centrais desses países.

Debate

Encerradas as apresentações, o Sindicato abriu para as contribuições dos delegados sindicais. “A ampla participação dos representantes é uma prova de que estamos no caminho certo. Desde o início do ano, o Sindicato realizou uma centena de reuniões em praticamente todos os locais de trabalho no Distrito Federal. Esperamos esse mesmo empenho, dedicação, interesse e esforço dos demais bancários ao longo da nossa campanha, que deve ser extremamente desgastante aos trabalhadores”, destacou Zanon.

Delegada sindical do Centro de Serviços de Logística (CSL), Marianne Lima Monteiro elogiou a reunião realizada pelo Sindicato. “Muito positiva. Esse tipo de debate é essencial para a mobilização da nossa campanha”, opinou.

Confira, abaixo, as principais reivindicações específicas do funcionalismo do BB:

Banco público que cumpra seu papel social;
Plano de carreira e remuneração:
– Carreira de antiguidade (do A1 ao A12): interstício de 6%;
– Carreira de mérito: aumento na pontuação, aumento no valor dos níveis, pontuação que considere todo o histórico funcional;
Cumprimento da jornada de 6 horas sem redução de remuneração;
Cassi e Previ para os (as) funcionários (as) egressos (as) de bancos incorporados;
Auxílio PAS para os (as) funcionários (as) egressos (as) de bancos incorporados;
Ampliação da cobertura do plano odontológico;
Pagamento das substituições e fim da lateralidade;
Proteção dos (as) funcionários (as) em cargos comissionados
Licença prêmio para os (as) funcionários (as) contratados (as) após 1998 e egressos (as) de bancos incorporados;
Férias de 35 dias para os (as) funcionários (as) contratados (as) após 1998 e egressos (as) de bancos incorporados a partir do 20º ano;
Concursos internos para provimento de cargos comissionados;
Fim da trava para comissionamentos e remoções;

Veja, a seguir, as principais reivindicações gerais dos bancários:

Pisos

Portaria – R$ 1.608,26;
Escritório – R$ 2.297,51;
Caixa – R$ 3.101,64;
1º Comissionado – R$ 3.905,77;
1º Gerente – R$ 5.169,40.
Vales Alimentação e Refeição e auxílio-creche/babá – R$ 545 cada.

Emprego

Ampliação das contratações;
Fim da rotatividade;
Combate às terceirizações;
Garantia contra dispensas imotivadas (Convenção 158 da OIT);
Banco para todos, sem precarização.
Reajuste salarial
12,8% (5% de aumento real mais a inflação projetada de 7,5%).
PLR – Três salários mais R$ 4.500.

Outras prioridades

Cumprimento da jornada de 6 horas;
Fim das metas abusivas;
Combate ao assédio moral e à violência organizacional;
Segurança contra assaltos e adicional de 30% de risco de morte;
Previdência complementar para todos os trabalhadores;
Contratação da remuneração total;
Igualdade de oportunidades.

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