Um seminário entre o Comando Nacional dos Bancários, coordenado pela Contraf-CUT, e a Fenaban será realizado nesta quinta-feira (17), das 14h às 18h, no Hotel Intercontinental (Alameda Santos, 1.123), em São Paulo, para debater as novas tecnologias e o impacto no emprego e no atendimento bancário. O evento foi um dos compromissos assumidos pelos bancos durante as negociações da Campanha Nacional 2013.
Estarão em discussão as mudanças tecnológicas em andamento no setor financeiro, especialmente a implantação dos meios eletrônicos de pagamento e a regulamentação do mobile banking no Brasil, já vigente em países como África do Sul, Quênia, Filipinas e Japão.
Investimentos em tecnologia
De acordo com a Pesquisa de Tecnologia Bancária da Febraban, as transações bancárias via mobile cresceram 270% entre 2009 e 2013, enquanto as transações realizadas nas agências e ATM aumentaram apenas 1% e 6%, respectivamente.
Nem mesmo as operações via internet banking cresceram tanto, subindo 23% no período.
“Mas a quem esse modelo beneficiará?”, questiona Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT e coordenador do Comando Nacional.
“Queremos debater todas as implicações das novas tecnologias, sobretudo os impactos no emprego e no atendimento bancário e em relação à segurança do sistema”, ressalta Carlos Cordeiro.
Em 2013, os bancos figuraram como os maiores compradores de tecnologia do país, com gastos de R$ 20,6 bilhões em TI.
“Nos últimos meses, a imprensa tem divulgado as cifras bilionárias que envolvem os pesados investimentos feitos pelos bancos e empresas de telecomunicações para atuarem nesse novo nicho de mercado. Em nenhum momento, porém, os trabalhadores e as entidades de proteção dos direitos dos consumidores foram ouvidos sobre as consequências no emprego e os custos no atendimento dos clientes”, critica o presidente da Contraf-CUT.
O crescimento das transações com mobile, apesar de expressivo, ainda é basicamente realizado sem movimentação financeira, ou seja, mais voltado para consultas, o que demonstra que os próprios clientes ainda não confiam plenamente no novo sistema.
Corte de empregos
Mas enquanto investem na tecnologia, os bancos privados continuam reduzindo o emprego. De março de 2011 a março de 2014, cinco dos seis maiores bancos, com exceção da Caixa, fecharam 34.466 postos de trabalho, com o objetivo claro de diminuir a folha de pagamento.
“Precisamos dialogar sobre essas mudanças tecnológicas no mundo do trabalho, buscando proteger o emprego dos bancários e garantir condições dignas de trabalho para a categoria, bem como contrapartidas sociais para os clientes diante dos novos ganhos dos bancos”, aponta Carlos Cordeiro.